Banhistas que por ventura venham a precisar dos préstimos de um salva-vidas no mar de Arroio do Sal neste verão podem nem saber, mas poderão ter o socorro de um dos melhores mergulhadores brasileiros, celebridade no ramo. O soldado militar Edilson Bento, 28 anos, que há dois anos é deslocado para cumprir o verão no balneário, é o único homem gaúcho a completar a ultramaratona aquática mais longa do Brasil, os 36 quilômetros percorridos a nado entre as praias do Leme e do Pontal, no Rio de Janeiro (duas gaúchas alcançara o mesmo feito: Sabrina Mazzola, há dois anos, e Betina Lorscheitter, em outubro do ano passado). A empreitada durou 16 horas e o consagrou como 17º nadador a completar o percurso na história.
Quem acusa o feito é o colega Eurico de Assis, 31, que divide com Bento a guarita central, das 25 espalhadas pela praia de Arroio do Sal.
— Tu nem sabes, mas acabaste de entrevistar uma celebridade — entrega Eurico, apontando para o colega.
Bento, que é natural de Cerrito-RS, exibe com orgulho o feito alcançado em 20 de setembro do ano passado, com ampla repercussão na mídia especializada. Desliza o dedo por fotos e vídeos feitos no celular e postados no seu Instagram, e surpreende ao contar que, cinco anos atrás, sequer sabia nadar.
— Em 2013 eu quis fazer o concurso para bombeiro, mas tinha prova de natação e eu tinha fobia de água. Água pelo joelho já me dava tontura. Quando comecei a praticar, não nadava nem 15 metros. Mas fui treinando e fazendo alguns cursos, até conseguir engrenar. Nos últimos anos fiz todas as principais ultramaratonas do Brasil — destaca o militar, que atualmente nada 10 quilômetros todos os dias.
Dedicados a oferecer aos veranistas o máximo de segurança durante a temporada, Eurico e Edilson contam que os primeiros dias da estação têm sido bastante tranquilos, graças ao que consideram uma prática exitosa adotada há dois anos pelos Bombeiros: apostar que prevenir é melhor do que remediar.
— É uma filosofia nova de trabalho, que nada mais é que se adiantar ao possível afogamento. Se a gente identifica um ou mais banhistas em situação que pode ser de risco, nós caminhamos até a beira do mar e apitamos para alertá-los. Acabe servindo não apenas para eles, mas para a praia toda, que fica mais atenta e lembra que o perigo existe. É uma abordagem que tem se mostrado bem eficaz — comenta Eurico.
Desde 15 de dezembro até o último fim de semana, 11 salvamentos foram realizados no balneário de Arroio do Sal, número considerado baixo pelos salva-vidas.
Como dicas para os banhistas, a dupla se limita a duas recomendações básicas:
— Antes de entrar no mar é importante verificar se há uma guarita de salva-vidas próxima. Também é importante estar atento à cor da bandeira que estiver sendo mostrada. Se estiver verde, o mar está calmo. Se estiver amarela, é porque há correntes marítimas fortes, por isso é preciso redobrar a atenção. Se estiver vermelha, é porque o mar está bravo e perigoso, por isso é melhor ficar na areia.