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O Dezembro Vermelho, mês de luta contra a Aids, começa com uma excelente notícia para Caxias do Sul: o município irá oferecer gratuitamente, a partir de segunda-feira, a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição). A medicação, destinada a quem não possui o vírus HIV, evita a contaminação. Caxias será a segunda cidade do Estado e a primeira do interior a fornecer o medicamento. Desde que o governo federal passou a disponibilizar a PrEP, no final de 2017, somente Porto Alegre oferecia o serviço.
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O público prioritário é aquele que não tem HIV mas está exposto ao risco de contaminação, como transexuais, travestis, homens que fazem sexo com homens, gays, trabalhadores do sexo; e que frequentemente deixam de usar camisinha em suas relações sexuais, que fazem uso repetido da PEP e que apresentam episódios frequentes de infecções sexualmente transmissíveis, e para pessoas que têm relações com alguém diagnosticado com HIV e que não faz o tratamento. O simples pertencimento a um desses grupos, no entanto, não é suficiente para caracterizar indivíduos com exposição frequente ao HIV. Por isso, uma triagem será realizada.
O tratamento é um comprimido diário, todos os dias, e exige consultas regulares, a cada três meses. Embora a PrEP evite o HIV, o preservativo não deve nem pode ser descartado. A camisinha deve ser usada sempre nas relações sexuais, já que a PrEP não evita outras doenças.
_ Uma estratégia não substitui a outra. As pessoas não ficam livres de outras doenças, como sífilis _ alerta Grasiela Cemin Gabriel, coordenadora do Serviço Municipal de Infectologia.
A PrEP chega a Caxias três décadas após a criação do Dia Mundial de Lutra contra a Aids, instituído pela Assembleia Geral da ONU e a Organização Mundial de Saúde (OMS). A Aids foi identificada pela primeira vez, oficialmente, nos Estados Unidos, em 1981.
_ Essas novas estratégias de prevenção surgem como ferramentas complementares no enfrentamento da epidemia de HIV, ampliando a gama de opções que os indivíduos terão para se prevenir contra o vírus e oferecendo mais alternativas, cientificamente eficazes, em relação à única opção disponível até pouco tempo atrás: o preservativo _ lembra Beto de Jesus, diretor da Aids Health Foundation (AHF), entidade que luta pelos direitos dos portadores de HIV.
Estigma persiste
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Dez anos depois do reconhecimento da Aids, o líder da banda Queen, Freddie Mercury, morreu vítima da doença _ hoje, sua história é recorde de bilheteria em cinemas de todo mundo, no filme Bohemian Rhapsody. Na reportagem que narrava sua morte no programa dominical Fantástico, em dezembro de 1991, o então repórter Pedro Bial sentenciou. "Hoje, no Dia Internacional da Aids, a gente percebe que, cada vez que morre alguém famoso como Mercury, isso é ótimo. É ótimo para milhões de soropositivos que sofrem o estigma da doença. Se foi difícil para Freddy Mercury admitir publicamente que tinha o vírus, imagine para uma pessoa comum". De fato, 27 anos depois, ainda não há remédio eficiente para o preconceito que portadores de HIV sofrem.
_ Há preconceito com negros, há preconceito com gays, há preconceito com portadores de HIV. Se uma pessoa reunir mais de uma destas características, então, é difícil até para ela caminhar na rua _ afirma Cleonice Araújo, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Segundo o infectologista Juliano Fracasso, o primeiro caso de HIV em Caxias do Sul foi registrado no final da década de 1980. Ele lembra que ao longo do início da década de 1990, os pacientes eram atendidos com dificuldades de recursos terapêuticos, já que pouco se sabia sobre o ciclo e o funcionamento do vírus.
_ Há relatos que o atendimento de muitos pacientes era mais assistencial do que terapêutico. Sem nada a oferecer, infelizmente o óbito era inevitável _ lembra.
O QUE É E QUANDO DEVE SER USADO
:: A PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) é o uso preventivo de medicamentos antes da exposição ao vírus do HIV, reduzindo a probabilidade da pessoa se infectar com vírus. A PrEP deve ser utilizada se você acha que pode ter alto risco para adquirir o HIV. A PrEP não é para todos e também não é uma profilaxia de emergência, como é a PEP. Os públicos prioritários para PrEP são as populações-chave, que concentram a maior número de casos de HIV no país: gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans, trabalhadores/as do sexo e parcerias sorodiferentes (quando uma pessoa está infectada pelo HIV e a outra não). Será oferecido a partir de segunda-feira no setor de infectologia.
:: A PEP (Profilaxia Pós-Exposição) é o uso de medicamentos antiretrovirais por pessoas após terem tido um possível contato com o vírus HIV em situações como violência sexual, relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha), acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou em contato direto com material biológico). Para funcionar, a PEP deve ser iniciada logo após a exposição de risco, em até 72 horas e e deve ser tomada por 28 dias. A PEP não substitui a camisinha. Deve ser usada até 72 horas da exposição de risco. Em Caxias, é oferecida no Centro Especializado de Saúde (CES), de segunda a sexta-feira, das 7h às 15h, e fora desse horário na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA).
:: O coquetel de medicamentos para quem tem HIV é composto de dois comprimidos com três medicações e deve ser tomado uma vez ao dia. Eles controlam a carga viral, e populações com carga viral controlada por seis meses não são transmissoras. É oferecido gratuitamente no SUS.
Gravidez
A transmissão na gravidez de mãe para filho continua zerada em Caxias. Mas, de 2008 até 2017, a cidade registrou quatro casos de transmissão na amamentação. Por isso, além do teste, obrigatório para as gestantes, é importante que o pai faça teste também.