A greve dos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) de Caxias do Sul chega nesta terça-feira ao 121° dia e sem a previsão de ser encerrada. Pelo menos para os profissionais, paralisados desde 17 de abril, que argumentam que a prefeitura não aceita discutir a proposta da categoria. A sugestão inclui, entre outros itens, a incorporação da parcela autônoma especial (PAE) e uma gratificação até que seja elaborado um plano de carreira específico.
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Do outro lado, o poder público acredita que a greve pode ser encerrada logo, já que as negociações avançaram depois que os médicos aceitaram uma aproximação com o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv), no começo deste mês. No início da greve, grande parte do impasse dizia respeito à representatividade dos médicos: os profissionais afirmavam que o Sindicato dos Médicos era o representante da categoria, enquanto o Executivo dizia que apenas negociava com a entidade do funcionalismo público.
Na prática, porém, nem essa aproximação indica que o movimento vá se encerrar tão logo.
A presidente do Sindiserv, Silvana Pirolli, afirma que uma reunião com o Executivo, nesta quarta-feira, tratará, entre outras demandas, do plano de carreira dos servidores, o que inclui os médicos.
– Continuamos lutando pelos servidores. Apoiamos o plano de carreira para todos e vamos conversar com a prefeitura novamente. Mas não tive mais contato com os médicos depois daquela reunião no início do mês – revela.
Entre o primeiro dia de greve na rede pública e a última sexta-feira, a prefeitura contabiliza 29.198 consultas perdidas nas unidades básicas de saúde (UBS), no Centro Especializado de Saúde (CES) e no Cais Mental. Ainda não há um plano para que elas sejam recuperadas, mas o poder público não vê grandes prejuízos para a população com a paralisação dos médicos. A Secretaria Municipal de Saúde estima que a adesão da categoria seja de apenas 5%. Para ilustrar a situação, a pasta apurou que, de janeiro a agosto deste ano, foram realizadas 274.561 consultas nas UBSs. No mesmo período do ano passado, foram 270.705.
– Mesmo com a greve, foram oferecidas e realizadas mais de 4 mil consultas neste ano. Perdemos bastante nos atendimentos de especialidades, mas não na atenção básica. Mas esperamos que essa situação (greve) se resolva logo – afirma a secretária interina da Saúde, Ana Paula Grando Fonseca.
O representante da comissão de greve, o médico André Pormann, não foi localizado pela reportagem.
Caos na saúde
Greve dos médicos de Caxias passa dos 120 dias e profissionais não preveem o fim
Quase 30 mil consultas foram perdidas na rede pública e não há previsão para a paralisação ser encerrada
Carolina Klóss
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