Antes de ver finalizada a obra da passarela na BR-116 no bairro São Ciro, a comerciante Sueli Lopes, 57, se acostumou a uma rotina trágica. Da porta da loja de R$ 1,99 à margem da rodovia, assistiu a inúmeros casos de atropelamentos provocados por motoristas e pedestres imprudentes. Alguns foram fatais.
- Era um horror. Uma vez eu estava na porta, uma mulher me cumprimentou e segundos depois foi atropelada. Morreu na hora. Foram tantos acidentes, que a gente até se acostumou _ conta Sueli.
Ao mesmo tempo em que moradores do São Ciro buscavam alertar o poder público para o grave problema naquele local e a necessidade da construção da passarela, o Pioneiro abraçou a acausa através de manchetes, reportagens e comentários ao longo dos anos (a construção iniciou em 2011). A edição de 23 de junho de 2014, por exemplo, classificava como "exemplo de má gestão" o atraso nas obras.
Confira mais no site da campanha
Infelizmente, da mesma forma que em Monte Bérico, Viaduto Torto e tantos outros pontos de insegurança no trânsito, era preciso que novos acidentes servissem como deixa para que a discussão voltasse à tona. E assim se deu uma longa novela até a inauguração da passarela, em dezembro do ano passado. Uma estudante da sétima série da Escola Erico Verissimo, Natália, 13 anos, que é neta de Sueli, comenta o que mudou após a implantação da passarela.
- A gente corria um risco diário, principalmente porque aqui não tem muita sinalização. Muitos alunos precisavam pegar ônibus para ir pra casa e atravessavam correndo, alguns morreram. A passarela nos deu mais segurança - afirma a jovem.
Sueli concorda que a sensação é de segurança. Diminuíram os acidentes, embora a passarela ainda encontre alguma resistência pelos mais apressados.
- Reclamam que é muito longa, que é escura para atravessar à noite. Mas se queríamos tanto, agora não vamos usar? - critica.
Resultado de uma batalha vencida pela persistência, a passarela do São Ciro ainda não encerrou a luta pelo fim das mortes por atropelamento. A conscientização mostrada pelos estudantes não é seguida pelos adultos. Prova disso é que a maioria dos acidentes recentes ocorreu à noite. Mas para quem aprendeu a usufruir da obra, a travessia deixou de ser uma perigosa disputa contra os veículos e seus condutores.
Informar para transformar
Moradores do São Ciro exaltam ganho em segurança após implantação da passarela na BR-116
Obra foi uma demorada reivindicação da comunidade abraçada pelo Pioneiro ao longo dos anos
GZH faz parte do The Trust Project