Gilberto Blume: sentir vergonha do Brasil é quase um elogio a tudo isso que estão fazendo conosco

Estou com vergonha do Brasil. Não tenho vergonha alguma de ser brasileiro, mas estou com vergonha do Brasil.

Os atos cometidos em Brasília estão apequenando o Brasil, por isso estou com vergonha. Diga-se, a politicagem do toma-lá-dá-cá sempre prevaleceu.

Seja em momentos calmos ou em crises, os favores políticos sempre deram o tom dos governos municipais, estauais e federal.

Não vamos longe: em Caxias, todos sabem, tem gente no governo há anos, não importa o partido que está no poder.

A teta do país é farta, sempre parece que tem leite para todo mundo.

Agora, porém, a coisa degringolou.

Justo no momento em que o governo federal precisaria ter pulso para debelar a crise política e econômica (não necessariamente nessa ordem), a presidente Dilma entrega o país aos caciques do PMDB para obter apoio no Congresso e tentar escapar de um processo de impeachment.

Nesse caso específico, o toma-lá-dá-cá tem foco claro: Dilma quer se livrar da artilharia do PMDB e o PMDB quer amenizar as denúncias do Petrolão, onde alguns caciques do partido estão atolados.

Se Dilma ao menos entregasse os ministérios a especialistas, minimizaria a vergonhosa manobra.

O esquema, porém, é tão desavergonhado que os ministérios estão sendo entregues, de novo, a deputados, senadores e quetais - gente desqualificada para administrar o país.

Morro, morreremos sem ver tudo. Quando o Brasil parecia andar rumo a um novo patamar social, ético, moral e político, retrocedemos pelo menos 50 anos.

Enquanto isso...

Enquanto isso, o governo anunciou que em janeiro de 2016 o Programa Farmácia Popular será extinto. O programa concede desconto de 90% aos remédios mais procurados pelos brasileiros.

Não é só.

Os cortes no orçamento da Saúde vão resultar no fim do repasse federal aos Estados e municípios. Na prática, não haverá dinheiro para as UPAs e para o Samu. Cirurgias, internações e hemodiálises pelo SUS também estão ameaçados a partir do meio do ano que vem.

Sentir vergonha do Brasil é quase um elogio a tudo isso que estão fazendo conosco.