Irma Overlock teve o atelier transformado em QG. Solidária, a costureira dá guarida ao grupo de gurias preteridas aos títulos de rainha e princesas da Festa da Uva Passa. Irma concorda com as insatisfeitas: a faixa de embaixatriz é prêmio de consolação impossível de engolir. As perdedoras preparam levante para consertar a injustiça cometida no fim de semana. As perdedoras finalizam um manifesto que, prometem, trará a verdadeira verdade à tona. Irma traz em primeira mão um trecho rascunhado do manifesto:
"A verdadeira rainha e as legítimas princesas ainda estão entre nós, jamais naquele trio escolhido por critérios obscuros (...). Sem dúvida as cartas estavam marcadas. Queremos Justiça! Agora, só falta a organização nos fazer desfilar no chão da Plácido (atenção: dar ênfase em Plácido) privando-nos de um carro alegórico puxado pela plebe etc.)."
Antes de publicá-lo nas redes sociais, o manifesto será submetido a uma professora de português e etiqueta para que as embaixatrizes não repitam os pecadilhos cometidos no concurso.
O atelier é um açude de lágrimas, um poço de rancores, uma infelicidade de dar dó. Algumas meninas estão reduzidas a pele e ossos porque não comem nem bebem desde que perderam o controle que liga e desliga os holofotes. Irma incentiva cegamente o que batizou de A Revolta das Repolhudas.
As amigas da costureira intervêm, pedem calma, aconselham que Irma não se precipite na defesa de uma causa desconhecida e perdida de véspera.
O manifesto das Repolhudas prossegue: "Queremos recontagem dos votos e, por fim, desfilar mais uma vez para que os jurados abram os olhos, admitam o equívoco, enxerguem o óbvio: a verdadeira rainha não foi coroada".
- Invejosas, as embaixatrizes não sabem perder, não se conformam com o sucesso alheio. Pedindo revanche, demonstram que de fato não estavam preparadas para assumir o compromisso de representar a nossa festa maior. Depois desse papelão, merecem desfilar no piso da Plácido - retrucam as amigas.
Inconformadas, as gurias vertem rios de lágrimas só de pensar na possibilidade de ter de engolir aquelas três.
"(...) No chão NÃO iremos! Se o desfile ao menos fosse na Sinimbu (...)".