O Pioneiro de sexta-feira mancheteou redução de 22% nas mortes de trânsito. O percentual se refere ao primeiro semestre do ano e é comparado ao primeiro semestre de 2014. Em números, significa que até sexta 73 pessoas morreram, contra 94 no mesmo período do ano passado.
Embora a redução de 22% seja percentual respeitável, digno de comemoração, precisamos combinar que ainda matamos e morremos excessivamente no trânsito.
Imaginem, 73 pessoas morreram entre janeiro e julho.
É muita gente morta.
Neste fim de semana a região registrou pelo menos mais duas mortes.
As lombadas eletrônicas que vão pontilhar os trechos urbanos da BR-116 são muito bem-vindos por isso, porque tendem a minimizar a sanha criminosa de alguns condutores e facilitar a vida do pedestre aventureiro.
Lombadas eletrônicas são insuficientes, porém.
As lombadas são paliativos, bengalas que mascaram o desrespeito com que todos, motoristas e pedestres, encaramos o trânsito.
Falta investimento em segurança e prevenção no trânsito?
Falta, e falta muito.
Esse problema de falta de investimentos vem de anos, não é de hoje que os governos são relapsos. Não podemos, pois, apontar a inexistência de passarelas, quebra-molas, rótulas e outros elementos como a única e maior responsável por 73 mortes em seis meses.
É impressionante observar a imprudência com que alguns condutores se jogam para avançar alguns metros, como se estivessem permanentemente disputando uma corrida.
Há motoqueiros (ou motociclistas, caso prefiram) costureiros que não têm noção alguma do perigo a que expõem a todos. O pedestre é um capítulo extra. Embora todos sejamos pedestres, muitos de nós nos comportamos com arrogância. Como se fôssemos os donos da rua, o que infelizmente ainda não somos, nos lançamos às cegas na roleta-russa do trânsito.
Já que sabemos que os governos vão seguir investindo menos do que deveriam, seria de bom tom observarmos com mais apuro o comportamento que exibimos quando colocamos os pés para fora de casa.
Opinião
Gilberto Blume: seria de bom tom observarmos o comportamento que exibimos ao sair de casa
Precisamos combinar que ainda matamos e morremos excessivamente no trânsito
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