Um colega imaginou a cena e relatou-a. Tentarei materializá-la em palavras, mas antecipo que é tarefa árdua, visto a complexidade dos elementos envolvidos. O resultado, pois, pode ser um gritante fracasso, do qual peço perdão antecipadamente aos 17 leitores da coluna.
O cenário: um debate, ao vivo, sem ensaio prévio.
O tema: qualquer um, contanto que envolva a coisa pública.
Os personagens: a presidente Dilma e o governador Sartori.
Juntar Dilma e Sartori para bater papo é ter certeza de que o diálogo terá a profundidade de lago de presépio. A comunicação de ambos, ao improviso, é risível.
Tanto Dilma quanto Sartori são escolados em falar, falar, falar e não dizer coisa com coisa. Dilma se sai razoavelmente em discursos escritos por assessores, embora tropece no ritmo e dê ênfases equivocadas a expressões-chaves.
Sartori idem, com o agravante de que mexe a cabeça de um lado a outro, desviando do microfone, o que torna seus discursos entrecortados, só parcialmente inteligíveis (alguém precisa ensinar o governador a falar sempre ao microfone, e somente ao microfone).
No debate imaginado não há script. Dilma terá liberdade para endeusar a Deusa Mandioca e o Deus Milho, para criar a Mulher Sapiens. Sartori poderá tergiversar mais que o habitual, começando a falar de azul e de vermelho para concluir que sim, que não, que talvez o amarelo ou o preto sejam.
Ou não.
Nunca antes na história desse país o Brasil e o Rio Grande do Sul foram governados por políticos com tamanha desqualificação verbal.
A ambos, a Dilma e a Sartori faltam objetividade, clareza, capacidade de começar e concluir um pensamento lógico.
Alô, patrulha: sei, é preferível sermos governados por quem não tem o dom da palavra do que sermos desgovernados por quem tem o discurso como principal qualidade, e só.
Mesmo assim, o povo precisa compreender o que o governante diz, sem rodeios, sem mudar de assunto, às claras.
No debate imaginado, Dilma e Sartori falariam a mesma língua, mas o conteúdo seria algo muito próximo de um tatibitate tartamudeado por dois seres que não sabem dizer o que querem e que precisam dizer.
Opinião
Gilberto Blume: num debate imaginário, Dilma e Sartori teriam a profundidade de um lago de presépio
A ambos, a Dilma e a Sartori faltam objetividade, clareza, capacidade de começar e concluir um pensamento lógico
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