Peço licença ao Ciro Fabres e pego carona num ponto por ele abordado na sexta: os perigos impostos ao pedestre na BR-116, ali em frente ao HG, no acesso à UCS. O colega está coberto de razão, o trecho é ameaçador, não há sinaleira nem faixa para pedestre, e a solução definitiva, uma passarela, é sonho distante.
À lista que torna a vida do pedestre um inferno pode ser acrescido outro item, e por isso peço licença ao colega Ciro: a imprudência do próprio pedestre. As duas extremidades do trecho de 100 metros são guarnecidas por sinaleiras para carros, só para carros, frise-se. Ali estão os pontos atualmente seguros para atravessar a BR a pé. O sinal fechou para o carro, abriu para o pedestre. Atravessando ali, em teoria, inexistirá atropelamento.
O miolo dos 100 metros, entre as sinaleiras, não possui dispositivo que preserve o pedestre, como Ciro bem relatou. Ali, pois, não é lugar para atravessar. Ocorre, e com frequência, que o pedestre tem preguiça, pressa, coragem excessiva, não dá valor à vida, não tem noção do perigo e atravessa a BR justo no ponto desprotegido.
Permitam os defensores de tese diferente, mas naquele ponto entre as sinaleiras não deve haver faixa de pedestre. Quem assegura que o motorista, alguns tão imprudentes quanto alguns pedestres, respeitaria a faixa? Esta crônica, entendam, não pretende contradizer as defesas do colega Ciro. Antes, pretende condenar os pecadilhos que cometemos no trânsito e que podem ser fatais.
Todos sabemos, todos vemos, muitos de nós cometemos: há outros pontos em que o pedestre se joga como se fosse imortal.
Um dos exemplos mais impressionantes se dá no coração de Caxias, na frente da Catedral. Ali naquele ponto mais largo da Sinimbu, entre a Dr. Montaury e a Marquês do Herval, esquinas guarnecidas por sinaleiras, a todo momento se vê algum incauto atravessando correndo, desafiando a lógica, estapeando o bom senso. Ali na Sinimbu é semelhante à BR: pra que, Cristo, atravessar justo no ponto mais perigoso?
As autoridades têm o dever de proporcionar segurança. Mas, bem sabemos, as deficiências dos governos são tão graves que é altamente recomendável que cuidemos minimamente de nossa pele. Não deleguemos nossa integridade a quem sabemos ser incapaz de cuidar do básico.
Opinião
Gilberto Blume: não deleguemos nossa integridade a quem sabemos ser incapaz de cuidar do básico
Quem assegura que o motorista, alguns tão imprudentes quanto alguns pedestres, respeitaria a faixa?
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