Muito desagradável figurar na lista.
Todos que compõem a lista se dizem inocentes. De fato, todos ainda são inocentes.
Provar a jurada inocência dará uma trabalheira do cão, porém.
Sou solidário aos que estão na lista. Os inocentes darão exemplo de superação, consolidarão o direito, fortalecerão a democracia; e os culpados, bem, esses terão tido a chance de jogar limpo na vida pública mas.
Não estou sendo irônico, creiam.
Minha solidariedade com os listados, porém, tem um preço: quero que todos renunciem aos cargos, quero que se dediquem em tempo integral às defesas, quero que não tenham qualquer oportunidade de interferir ainda mais no naufrágio político, econômico e social que estamos experimentando.
Está na lista?
Peça o boné, dê uma chance para si próprio, dê essa oportunidade para o Brasil se reerguer, juntar o cacos sem a sua nefasta presença.
Está escrito, atravessaremos os próximos meses atolados em idas e vindas de investigações, de diz-que-diz, de novas acusações, de mais escândalos. Portanto, caro listado, a sua presença no Congresso é absolutamente dispensável. Você não tem nada para fazer lá neste momento. Pelo contrário, sua presença será danosa para o enorme desafio que pesa nos ombros dos deputados e senadores sem-lista: consertar a crise política que ameaça paralisar ainda mais o país.
Listado, se você de fato é inocente, dê uma prova de desapego, mostre que você crê nas instituições, assista aos próximos capítulos como nós, mortais, assistiremos; de fora, vaiando e aplaudindo, mas torcendo para que a verdade emerja e prevaleça.
Suas renúncias, caros listados, são o mínimo aceitável num país que investiga 10% dos senadores (incluindo o presidente do Senado) e um caminhão de deputados (incluindo o presidente da Câmara).
Bem-vindos, pois, à terra dos sem-mandato, onde todos também somos inocentes.
Opinião
Gilberto Blume: Caro listado, peça o boné, dê uma chance a si próprio, dê essa oportunidade ao Brasil
Bem-vindos, pois, à terra dos sem-mandato, onde todos também somos inocentes
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