* Maurício Reolon (interino)
Entre o discurso e a prática, existe um latifúndio. A pseudovalorização do esporte, que será ainda mais amplificada em 2016, com a realização dos Jogos Olímpicos no Rio, é na verdade mais uma farsa escancarada. É bom deixar claro que não vem de hoje. O Brasil nunca saiu do discurso e prefere valorizar as pequenas conquistas do que buscar uma grande transformação.
É óbvio que qualquer pessoa ligada ao esporte notou. Em 2014, durante toda a campanha eleitoral, nenhum dos candidatos à presidência ou ao governo do Estado sequer citou alguma medida ou proposta que beneficiasse o esporte. E nesse caso não se trata apenas do alto rendimento, da disputa por medalhas ou da formação de atletas.
É aquela relação tão bem feita em tantas e tantas matérias sobre os benefícios esportivos, a relação com educação, saúde e as possibilidades encontradas em projetos que tiram crianças das ruas para levá-las a uma quadra, um tatame, gramado ou seja lá qual for a superfície.
É tratar o esporte com seriedade. Como um bem para a comunidade, para a formação de melhores cidadãos. Só que para os nossos governantes isso não parece ter lógica.
É preferível olhar para fora e apenas elogiar exemplos bem sucedidos que poderiam ser copiados. Ficar em um discurso vazio, em avaliações sem colocar na prática um mísero projeto sequer. O país fica na dependência de abnegados, profissionais e organizações que lutam sozinhos por um ideal.
No patamar que se encontra o Brasil, é um sonho distante ver daqui a dez ou vinte anos a mesma estrutura educacional/esportiva dos Estados Unidos. Aquela que começa na escola, passa pela faculdade e culmina em jovens prontos para um futuro profissional, seja ele dentro do esporte ou não. Rússia e Cuba poderiam ser outros exemplos citados.
Por aqui, há quem prefira discutir educação, saúde e segurança pública em âmbitos diferentes. Não existe uma política esportiva. E mesmo quando se tem algo tão grandioso e valoroso se aproximando - já faz algum tempo que o Brasil sabe que será sede dos Jogos Olímpicos - nada muda. Não se aproveita o evento. Já havia sido assim com a Copa do Mundo.
A estrutura inexiste para grande parte das modalidades olímpicas. Quem dirá para os jovens que sonham chegar lá. Ainda é algo utópico, mas algum dia o nosso país poderá deixar de apenas vibrar com as conquistas de alguns heróis e ter no esporte o propulsor para uma sociedade melhor.
Opinião
Maurício Reolon: Governantes ignoram necessidade de política esportiva no país
O país fica na dependência de abnegados, profissionais e organizações que lutam sozinhos por um ideal
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