Quase dois dias depois do temporal que destelhou casas, causou alagamentos e chegou a deixar 32 mil clientes sem luz em todo o Estado, 3,2 mil seguem às escuras na Serra. Na manhã desta segunda, o problema atingia 15 mil na região.
Gerente da Regional Leste da RGE, Roberto Sartori explica que, diante da previsão de temporal, equipes estavam de sobreaviso no fim de semana. O contingente normal, de 300 pessoas, subiu para 1 mil diante dos estragos. A RGE busca reforços em áreas menos atingidas como, desta vez, a região de Lagoa Vermelha.
A RGE tem prazo de 24 a 48 horas para religar a luz após um temporal, conforme determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em geral, a área urbana deve ter a luz restabelecida em 24 horas e, a rural, em 48 horas. A Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande Sul (Agergs), no entanto, diz que diante de temporais não há prazo estabelecido.
Sartori destaca a severidade do temporal de sábado, com vento de 130 Km/h, que derrubou até árvores fora da distância segura de seis metros em relação a postes. Além disso, ele lembra que a concessionária tem trabalhado para diminuir os danos. Em Caxias, 12 mil postes de madeira têm sido trocados por novos de fibra ou de concreto, mais resistentes ao vento. Além disso, 70 transformadores foram substituídos para evitar sobrecarga.
O gerente incentiva os caxienses a contatar a RGE tão logo falte luz, mas essa regra nem sempre funciona. Na manhã desta segunda, a energia cessou na casa de Sérgio Luis Rech Fraga às 5h30min. Em 11 tentativas, ele não conseguiu registrar reclamação no 0800 da concessionária. O receio dele era perder 12 quilos de carne para a ceia de Natal.
- Qualquer call center chega a um ponto que se esgota, o número de canais não é infinito. Muita gente só registrou reclamação hoje (segunda), provavelmente porque estava na praia - argumenta.
O cidadão deve ficar atento. Em dias normais, a luz não pode faltar por mais de quatro horas nem mais do que seis vezes ao ano. Se isso ocorrer, o respectivo valor é descontado da conta.
Demora é investigada
A demora para solucionar a falta de luz é investigada pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande Sul (AGERGS). A instituição regula o setor de energia elétrica no Estado por meio de convênio com a Aneel.
Presidente da instituição gaúcha, Carlos Martins confirmou que a população vem relatando problemas para conseguir atendimento via 0800 das companhias desde o último sábado por conta do temporal. Outra dificuldade apontada pelo público é a longa espera por solução, que já ultrapassou 40 horas em algumas cidades da Serra.
Martins, porém, defende mais investimentos na estrutura de rede para diminuir a falta de luz.
- Em intempéries, é comum a queda de postes antigos. As empresas apresentaram plano de substituição por material moderno, mas isso ainda está aquém do necessário. Nesse ritmo atual, levará 20 anos para trocar os postes de madeira no Estado.
Por outro lado, ele ressalta que as companhias não têm prazo mínimo para restabelecer energia quando o corte é provocado em grande escala por temporais ou outras catástrofes naturais, caso do final de semana. No entanto, ele levanta a possibilidade do serviço não ter a qualidade necessária:
- Precisamos saber se as empresas no Estado têm equipes e estrutura para atender de forma adequada quando eventos desse porte ocorrem - pondera Martins.
A promotora de Justiça de Caxias do Sul Janaína de Carli lembra que independentemente dos prazos estabelecidos pela Aneel, o consumidor pode pedir ressarcimento de eventuais prejuízos às concessionárias.
- Em um primeiro momento, a concessionária pode analisar e decidir se ressarce ou rejeita o pedido. Se houver dificuldade, o consumidor pode ingressar com ação judicial.
O que diz a Aneel
Em dias em que o corte não é provocado por força do mau tempo, a Aneel estabeleceu prazos que variam conforme a rede e a localidade. Em rede de baixa tensão, as concessionárias têm 12,22 horas para restabelecer a na zona urbana e 16,6 horas para a zona rural. Quando a demanda é por alta e média tensão, o limite baixa para 9,77 horas em área urbana e 12,71 horas em área rural.
Pela regra, o descumprimento do tempo obriga a distribuidora ao pagamento de compensação aos consumidores.
Como comunicar falta de luz
:: Pelo telefone: o número é 0800 970 0900
:: Por SMS: o número é 27350. Envie mensagem com a palavra LUZ e o número da unidade consumidora, que consta na fatura da RGE
:: Presencialmente: Rua Mario de Boni, nº 1902, bairro Floresta
:: Pela internet: www.rge-rs.com.br