Um ano após promessa de revitalização, moradores da Vila Esperança ainda vivem em casebres em Farroupilha

Um ano e meio depois da promessa de revitalização, pouco mudou na Vila Esperança, em Farroupilha. As 100 famílias continuam em casebres, o esgoto segue a céu aberto, a luz ainda é ligada por extensões. O que mudou é a perspectiva de gente como Olair Ribeiro Fernandes Otovwz, 39 anos. Se em junho do ano passado ela estava animada com a chance de ganhar uma moradia nova em oito meses, hoje a situação é de desalento, porque nada saiu do papel.

- Eu nem acredito mais que vão fazer alguma coisa. Acho que só daqui a uns 20 anos, quando meus filhos estiverem mais velhos - desabafa a mãe de cinco filhos.

Em junho do ano passado, a prefeitura anunciou a revitalização da vila, com construção de 100 casas, pavimentação, regularização da luz e encanamento de água e esgoto. Segundo o secretário da Habitação, Rogir Centa, a DP Ayres, vencedora da licitação, teve problemas financeiros e não pode executar a obra. Como o projeto é do Minha Casa, Minha Vida, a Caixa desclassificou a empresa para que outra assumisse.

Agora, quem deve tocar a obra é a MVC Soluções em Plásticos, de São José dos Pinhais, selecionada via chamamento público. O governo federal pagará R$ 6 milhões. A contrapartida da prefeitura aumentou de R$ 965 mil para R$ 1,5 milhão, porque o projeto teve de ser adequado devido à demora.

As primeiras 20 casas serão erguidas em área livre. Depois, o plano é demolir moradias e construir novas no lugar das antigas. O secretário espera iniciar ainda este ano. A construção deve ser rápida, porque as residências serão de estrutura metálica e painéis encaixáveis, em vez de madeira ou alvenaria. O que deve demorar é a demolição e a terraplanagem.

As casas terão 40 metros quadrados, com dois quartos, cozinha, sala e banheiro. Os moradores não pagarão nada. Haverá possibilidade de ampliação de um cômodo.

Morar em uma casa nova é o sonho de dona Olair e do marido, Gentil. Na casa de madeira cheia de frestas e sem banheiro, um dos filhos dorme no sofá e outro em um colchão na cozinha. Apesar da nova promessa, ela desacredita:

- Eu já perdi a esperança. Eu penso nos meus filhos, não em mim.

Uma pracinha e uma quadra de esportes foram entregues ano passado. Segundo o secretário, elas foram executadas antes porque eram trabalhos menores. A prefeitura precisou mostrar obras em andamento para não perder a verba federal de R$6 milhões. Uma Unidade Básica de Saúde (UBS) está em construção.