Oratórios de madeira com a imagem de Nossa Senhora, as capelinhas são parte da cultura religiosa da Serra Gaúcha. Por trás deste símbolo, estão os zeladores de capelinha, que cuidam para que o capitel passe de casa em casa diariamente. Na sua maioria mulheres idosas, mas com crescente participação de homens e jovens, eles reúnem-se neste sábado, a partir das 9h, no encontro anual realizado no Seminário Diocesano Nossa Senhora Aparecida.
A maioria dos oratórios possui na base uma gaveta para receber ofertas destinadas à formação de novos sacerdotes. Para agradecer aos zeladores pelo auxílio aos seminários, desde 1981, é promovido anualmente o encontro no Seminário Aparecida, no dia da Padroeira, 12 de outubro.
- A fundamentação de ser zeladora está na Bíblia, quando Maria visita Isabel. Maria foi até sua prima para anunciar Jesus, mas também para cuidar de Isabel. A capelinha e a zeladora têm essas duas missões, de evangelizar e de ajudar o próximo - explica o padre Edmundo Marcon, que por ser reitor do Seminário, coordena o festejo há seis anos.
Estima-se que existam mais de cinco mil zeladores na Diocese. Diferente de outras épocas em que havia crescimento de fiéis, os números de zeladoras e de devotos da capelinha se mantêm igual.
- As pessoas têm menos tempo para se reunir. Os vizinhos, ao levarem a Santa ao próximo domicílio, nem sempre encontram o morador em casa. Mas ainda assim o ato de rezar em família continua. É o que motiva a tradição perseverar - defende o padre.
Segundo Edmundo, o novo público que assume a função de zelador têm sido devotos na faixa dos 35 anos. Grande parte é motivada a seguir com a devoção da família.
Cláudia Macedo Linhares, 37, assumiu a função no bairro São Caetano ao completar 30 anos. Natural de Bom Jesus, o convite veio quando recém chegou a Caxias. O trabalho serviu como forma de se integrar à comunidade. Atualmente é coordenadora das 29 zeladoras da paróquia, gerenciando o trabalho de acolhida das famílias e do itinerário das capelinhas.
- O trabalho exige certa vitalidade, e por isso o jovem também é chamado a esta função. Gosto muito, porque é uma forma de reviver a tradição que minha mãe me ensinou - conta.
