Diálogos levantam suspeita sobre fraude envolvendo empresário de Caxias do Sul

Interceptações telefônicas divulgadas pelo Ministério Público (MP) reforçam a suspeita de que um grupo de empresários estaria fraudando licitações para obter lucros com a locação de banheiros químicos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Supostamente, o esquema seria liderado por César Augusto Viezzer, dono da Tecnisan de Caxias do Sul. Conforme o promotor de Justiça Ricardo Herbstrith, a Tecnisan e outras quatro empresas apresentavam propostas como sendo de diferentes empreendimentos, montando uma competição fictítica, quando, na verdade, todos os concorrentes eram parentes ou havia um acordo para se determinar o vencedor.

Além da Tecnisan, a filial da empresa caxiense em Canoas, a Multiban de Palhoça (SC), a Sanitários Toalete, de Porto Alegre, e a Sanicri, de Criciúma (SC) são suspeitas de participação na fraude. Com exceção da Toalete, os outros quatro negócios pertencem a familiares de Viezzer, segundo o promotor.

Em Caxias, a Tecnisan presta serviços para a prefeitura de Caxias do Sul e para a Festa da Uva. O Pioneiro tentou contato com Viezzer em três ocasiões, mas foi informado por funcionários de que ele não se encontrava na empresa.

Confira um dos diálogos interceptados pelo Ministério Público que comprovariam a fraude nas licitações:

César Augusto Viezzer: mas nosso preço é lá na casa do caralho, para não ganhar.

Mulher: ah meu Deus, mas ganhamos.

César Augusto Viezzer: Ganhamos só que eu tô com um problema agora, é o (citando o nome do dono de uma empresa envolvida no esquema), entendeu?

Mulher: Ah sim, bom, mas daí o erro não foi nosso não? Ele que não conseguiu se habilitar.

César Augusto Viezzer: ele não era para...entendeu? Ficou me enchendo o saco para mandar a proposta e o outro lado... entendeu?

Mulher: Ele que foi burro de ser desabilitado. A gente não tem culpa, a gente fez de tudo para não ganhar.