Buraco em propriedade rural de Boqueirão do Leão teria sido feita por animal pré-histórico

A descoberta de uma paleotoca no interior de Boqueirão do Leão, no Vale do Rio Pardo, surpreendeu os pesquisadores e o dono da propriedade. Há mais de 10 mil anos, o buraco teria sido escavado por um mamífero para utilizá-lo como abrigo.

Conhecido como Toca dos Índios, o local foi visitado esta semana pelo geólogo Heinrich Frank, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Essa seria uma das maiores paleotocas preservadas do Estado.

Para o agricultor Laudir Ogliari, de Linha Sinimbuzinho, a surpresa foi descobrir que a toca, que todos diziam ter sido feita por índios para moradia, foi escavada por um animal pré-histórico. Para o geólogo, no entanto, a maior surpresa foi o estado de conservação do espaço.

- Mesmo com vestígios de já ter servido como moradia indígena, o local ainda preserva aspectos originais. Algumas áreas, como o topo, estão muito bem preservadas. Isso facilita a pesquisa - afirma Frank.

Estudo ainda deve definir qual animal ocupou o lugar

Foi motivo de surpresa, também, o tamanho da toca: 37 metros de comprimento por dois metros de largura e 80 cm de altura. Para Frank, a largura o leva a acreditar que teria sido escavada por uma preguiça gigante. O animal pré-histórico, de grandes garras, chegava a pesar até cinco toneladas.

- O animal não faz um buraco maior do que a largura do seu corpo, então se tratava de um mamífero bem grande, possivelmente uma preguiça - afirma o geólogo.

A paleontóloga do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Estado, Ana Maria Ribeiro, porém, diz que existem outras possibilidades, como o tatu gigante, que pesava cerca de 200 quilos, ou o gliptodonte, que chegava a uma tonelada:

- Os estudos são iniciais, não há como definir se foram esses ou outros animais que cavaram.

Marcas encontradas em uma parede da toca, possivelmente de garras, podem ajudar os pesquisadores a desvendar a origem. Nas próximas semanas, o geólogo da UFRGS deve retornar à paleotoca para fazer novas medições e levantamento fotográfico.