Rafael Lacerda, treinador do Caxias, vive um novo momento e não é somente na carreira profissional. Após parar de jogar futebol e pendurar as chuteiras no ano passado, ele optou por atuar como auxiliar. Tudo foi rápido e, agora, ele será o técnico grená na Copa Seu Verardi. Além dessa nova atribuição, o ex-zagueiro recebeu outro presente há quase um mês. Depois de Maria Paula, de dois anos e nove meses, Lacerda agora tem o filho Martim.
— Mudou muita coisa. É o sentido da vida. A gente começa a sentir o que é a palavra amor. Falamos muito “eu te amo”, mas não sabemos o real significado. Conheci quando tive a minha primeira filha e agora com o segundo também. Isso sim é amor de verdade — definiu o treinador.
A nova rotina de Lacerda como treinador exige dedicação, estudos e, principalmente, tempo. Às vezes, o treinador passa um período maior no clube do que com a família. Por isso, necessita de compreensão da esposa Flávia.
— Ela é minha parceira, amiga, companheira, que entende tudo, até essa fase de transição que estou passando. Quando a gente é jogador fica muito mais fácil. Chegamos meia hora antes, treinamos e vamos embora. Como treinador, é muito trabalho. Às vezes, sou o último a sair do clube e ela entende, mesmo com duas crianças. Sabe que o futebol é a minha paixão e agradeço a Deus por ela ter entrado na minha vida — diz o técnico.
Antes da alegria de se tornar pai, Lacerda teve uma grande tristeza ao perder o maior incentivador do período como jogador, com a morte do pai Paulo, em 2012. Além disso, na primeira data de Dia dos Pais, após o nascimento de Maria Paula, Lacerda estava jogando futebol em Hong Kong.
— Foi bem complicado e difícil. Uma experiência que eu sabia que não daria muito certo, mas eu arrisquei, porque no futebol tu não podes pensar muito. Perdi meu pai em 2012, quando estava jogando no Caxias. É a maior dor que tenho na minha vida, tanto que até hoje eu não consigo entender muito, mas temos que aceitar. Foi uma data que, às vezes, me revoltava, eu senti muita tristeza de não ter meu pai perto de mim. Ele foi o cara que mais me incentivou a me tornar jogador. Foi triste porque eu estava sem ele e o meu primeiro Dia dos Pais como pai, estava longe da minha filha em outro país, do outro lado do mundo — lembra Lacerda.
Em 2016, a chegada da filha combinou com uma fase artilheira do ex-zagueiro
Hoje, aos 35 anos, Lacerda começa uma nova fase na carreira. Na época de jogador, defendeu clubes com o Joinville, Luverdense, Goiás, Portuguesa, Paysandu, Aimoré, São Luiz, dentre outros. No Caxias, teve destaque.
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Em 2016, foi o capitão do acesso à primeira divisão do futebol gaúcho. Durante a fase maravilhosa com a camisa grená a filha Maria Paula nasceu. Coincidência ou destino, após saber que seria pai, o zagueiro, na época, virou artilheiro e marcou gols na campanha do título da Divisão de acesso. Agora como treinador, o destino colocou Martim na sua vida. Se repetir a sorte da irmã, o comandante agradece:
— Quando, naquele ano (2016), fiz meu primeiro gol contra o União Frederiquense, tinha descoberto uma semana antes que seria pai. Naquela fase dos gols, a Flávia estava grávida. O Caxias precisava muito. Os sete gols ajudaram a mim e ao clube. Vamos ver agora, chegando o Martim, se não vai iluminar minha função de treinador.
Mais do que amuletos, Maria Paula e Martim são os maiores amores de Lacerda. Por isso, ele quer deixar para os filhos ensinamentos importantes para o futuro. O sonho de todo o pai é encaminhar os pequenos para o lado bom da vida. Com Lacerda, não é diferente. A referência é o seu pai:
— Quero deixar o mesmo legado que meu pai deixou para mim. Sempre pelo certo, de ser uma pessoa correta e ajudar o próximo.
Outro legado que Lacerda pode deixar para os filhos é o amor pelo futebol. No futuro, quem sabe, Maria Paula e Martim sigam os passos do pai e entrem nesta área:
— Minha filha é apaixonada pelo Caxias, quando fala no clube já começa a cantar e pular. Antigamente, falava que não queria que meu filho ficasse nesse meio. Tem muita competitividade, muita coisa suja, trairagem, sacanagem, cada um querendo fazer só o seu e passar por cima das pessoas. Penso que eles têm que escolher o caminho que quiserem. Tem o lado ruim do futebol, mas também tem o bom. Fiz muito amigos.
Hoje, os filhos não tem o discernimento para entender o que o pai expressa. Mas, futuramente, quando lerem essa reportagem, irão ver as melhores palavras que Lacerda expressou sobre eles.
— Eles são o maior amor da minha vida. O que eu sinto pelos meus filhos é algo inexplicável. Sou muito feliz por ter eles e a minha esposa. São a razão da minha vida — diz o treinador.