O Caxias do Sul Basquete segue negociando com patrocinadores e futuros investidores para disputar o NBB na temporada 2019/2020. As conversas avançam tanto quanto a saudade do torcedor de lotar o Ginásio do Vascão para acompanhar uma partida da equipe, que encheu de orgulho a cidade durante a 10ª edição do campeonato. Quem também cresce é o interesse dos jovens pela modalidade.
Ainda com o reflexo do time adulto, as categorias de base do Caxias se mantém atuando pelo Estado. É bem verdade que a ausência da equipe adulta abalou em vários pontos o trabalho realizado pelos responsáveis pela base. No Caxias Basquete, assim como na maioria dos times que mantem as categorias inferiores, o maior incentivo para a continuidade dos jovens no esporte vem dos pais. Por isso, foi criada a associação da base do Caxias Basquete (Bacbas).
— O basquete para os jovens, principalmente no Rio Grande do Sul, vive muito do investimentos dos pais. Na nossa categoria de base, nem todos conseguiam colaborar com todo incentivo que seria necessário, além da mensalidade que é paga. Daí surgiu a ideia da associação — diz o presidente da Bacbas, Aureo Romanzini.
Para realizar um ano inteiro com as categorias de base — que no caso do Caxias vai dos oito aos 17 anos —, são investidos em uma temporada algo em torno de R$ 220 mil. Desses, 30% saem justamente dessa força de trabalho vinda dos pais. Os outros 70% vêm de patrocinadores, mensalidades e da parceria que a equipe fez com o Recreio da Juventude.
Para arrecadar a parte que fica a cargo dos pais, várias situações foram criadas pela Bacbas. Entre as alternativas, três eventos são realizados durante a temporada: a festa de colônia, o festival do chope e a feijoada (que será no dia 2 de junho). Além disso, na época da Páscoa, os integrantes da entidade vendem chocolates para conseguir angariar mais fundos.
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Outra fonte de receita da Bacbas vem do bar do Vascão. Durante as partidas, alguns pais ficam responsáveis por cuidar da venda de bebidas e alimentos. Atualmente, funciona nas partidas da base e também em outros eventos.
O recurso, quando o time adulto disputou o NBB, fazia com que o incentivo fosse arrecadado mais facilmente.
— A receita do bar durante os jogos do NBB representava aproximadamente 50% do que os pais precisam arrecadar – admite Romanzini.
Espelho em quadra
Além do Caxias Basquete, a Abacs/UCS também disputa o Estadual com a base. Porém, a falta do time adulto na cidade também pode representar uma desmotivação para o jovem que pretende seguir na modalidade.
— Hoje, o atleta chega aos 17 anos e se desmotiva porque não tem um time adulto. Em 2018, eram 25 jovens na categoria sub-17. Esse ano, temos apenas seis na sub-18. Alguns saíram para estudar, começaram faculdade, além daqueles que foram para outras cidades para poder seguir jogando — relata Romanzini, admitindo que a referência próxima da equipe principal faz diferença para os jovens:
— O time adulto é onde o garoto da base quer chegar. Quem pratica o esporte competitivo tem um espelho. No futebol, querem ser um Neymar ou outro jogador.
O presidente da Bacbas fala com conhecimento de causa dessa situação. Na temporada passada, seu filho, Lucas Romanzini, com 16 anos, fez parte do grupo do Caxias Basquete durante o NBB e teve a chance de conviver com os jogadores que conquistaram o sexto lugar na competição.
A equipe adulta representa muito para a cidade. Mas representará também para que a formação de atletas no basquete caxiense continue.
— Podemos dizer que a Bacbas é fundamental para que o projeto de categoria de base continue caminhando firme. A base também precisa de um espelho, e ele é o adulto. Também por isso, tentamos, de todas as formas, viabilizar o time — afirma o presidente do Caxias do Sul Basquete, Maurício Prévide.
A torcida fora de quadra segue para que o NBB 12 tenha novamente a equipe caxiense. E a esperança de que no futuro os frutos do projeto também possam defender o Caxias Basquete no adulto.