O jornal boliviano "El Deber" teve acesso ao relatório da Agência de Aviação da Bolívia sobre o plano de voo que levava a delegação da Chapecoense. Segundo a reportagem publicada nesta quinta-feira, uma oficial da agência, identificada como Celia Castedo Monasterio, questionou o plano. Ela destacou que não havia combustível suficiente e que a operação não previa possíveis atrasos. Tudo reforça a principal suspeita para a tragédia: pane seca.
A matéria diz que a principal observação foi sobre o tempo médio de voo entre Santa Cruz e o aeroporto de Medellín, de 4h22min. Era o mesmo tempo de autonomia do voo, o que não deveria ter ocorrido.
"Quando um plano de voo é feito, você deve observar a faixa de carga de combustível para chegar do ponto de decolagem ao destino. Além disso, deve-se incluir o tempo que se levaria para chegar a um aeroporto alternativo em caso de emergência ou de reabastecimento, além de 45 minutos de duração da bateria no ar para qualquer eventualidade", disse um piloto ouvido pela reportagem.
Além de chamar atenção para necessidade de um plano alternativo, a oficial da agência teria pedido mudanças. A empresa, no entanto, justificou que o mesmo trajeto foi realizado outras vezes em tempo menor, o que acabou sendo decisivo para liberação do voo. A alegação, conforme o jornal, partiu de Alex Quispe, um dos tripulantes da Lamia que acabou morrendo no acidente.
"Não, senhora Celia, essa autonomia, como me passaram, chega bem. Fazemos em menos tempo, não se preocupe. Fique tranquila, está tudo bem", teria dito Quispe para convencer a funcionária. Celia foi afastada nesta quinta da Agência.
O site da empresa aérea informa que a autonomia do avião envolvido é de 2.965km de distância. O porta-voz da Lamia confirmou que a aeronave tinha condições de cumprir cerca de 3.000km, praticamente a mesma distância. Perto do destino o piloto pediu prioridade para o pouso, mas outra aeronave já havia solicitado emergência para descer.
Um gerente da Lamia voltou a dizer que o avião deveria ter parado para abastecer em Bogotá, como previsto no plano de voo. Antes da queda, o piloto informou os controladores que enfrentava problema de falta de combustível e pane total. O acidente provocou 71 mortes.
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