Hermes Lorenzon: das nuvens ao chão

Pouco depois de ver Ronaldinho Gaúcho errar um pênalti contra o Caxias, me despedi do colega de trabalho Daniel Angeli e desci das cabines de imprensa rumo ao gramado do Olímpico, naquela noite de 21 de junho de 2000. Depois de acompanhar a comemoração do título estadual grená, cruzei o gramado do estádio do Grêmio e aguardei a delegação, até o início da madrugada.

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Lembro que os poucos gremistas boêmios que restaram nos bares aplaudiram a passagem do ônibus do campeão estadual. Pelo caminho, um taxista da Capital se deu conta de que se tratava do veículo grená e seguiu a delegação buzinando por quase todo o caminho. Era uma comemoração isolada pelas ruas, enquanto que, dentro do coletivo, a delegação usufruía da redenção por ter entrado para a história do clube. Entre eles, o técnico Tite, que dava ali o grande salto em uma carreira que anos depois chegaria ao topo: o Mundial do Corinthians contra o Chelsea, em 2012.

Na chegada ao antigo terminal do Aeroporto Salgado Filho, os gritos dos jogadores, que entraram de braços esticados imitando asas de aviões, despertaram os poucos passageiros sonolentos no saguão. Exatamente às 2h17min, o voo da TAM, que patrocinou o clube na fase final, decolou rumo a Caxias do Sul, onde os heróis seriam recebidos pela torcida.

Estávamos nas nuvens, mas o voo mais alto do clube havia sido feito horas antes do embarque no Fokker 100. Lembro do avião passando sobre o Estádio Centenário e das centenas de pessoas que aguardavam a delegação, que pousou às 2h41min. Agora, 15 anos depois, é triste ver que neste ano o avião grená sequer decolou. Foi insuficiente até presença do técnico Paulo Turra, que em 2000 foi um dos responsáveis pela muralha defensiva do Caxias. Que esta queda seja utilizada como um impulso para o alto. Que sirva de aprendizado. E que o futuro reserve novos voos.