O setor de máquinas agrícolas e implementos teve um 2023 com recuo no Estado. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), a queda foi de 15%. Entre os motivos, conforme a entidade, estão os eventos climáticos e o preço dos produtos agrícolas. Já em Caxias do Sul, indústrias e lojas possuem percepções diferentes sobre o mercado no ano passado.
Sem detalhar números, o diretor da Agrale, Edson Ares Sixto Martins, relata que as vendas da montadora ficaram abaixo do esperado e do potencial do mercado. Um dos motivos, como observa Martins, foi a falta de financiamentos competitivos.
— Isso ocorreu principalmente por dois motivos: falta de liberação de financiamentos competitivos em volumes adequados para viabilizar a compra de máquinas e equipamentos agrícolas, e pelo sentimento de insegurança política e econômica vividas atualmente pelo proprietário rural — explica o diretor.
Em 2024, a montadora de Caxias espera ter um acréscimo de 5% em relação ao ano passado.
Para GZH, o presidente do Simers, Cláudio Bier, ainda avalia outros dois fatores para o recuo no setor: a redução de pedidos ao longo do ano e um aquecimento excepcional em 2022, devido o fim das restrições da pandemia da covid-19.
— O produtor seguiu comprando, mas em 2023 o quadro mudou. Todas as revendas e fábricas têm estoque, o que é um problema para nós. Antes de comprarem novamente, elas precisam eliminar o estoque. Significa que é um problema que se avizinha para 2024 — nota Bier.
2023 também tem crescimento
Em Caxias, a filial da Razera Agrícola, que tem matriz em Passo Fundo, teve um ano de crescimento em relação a 2022. O coordenador da loja caxiense, Nélio Luiz Oro, comenta que houve uma alta em valores brutos, mas com margem menor do que o ano anterior, sem detalhar números. As vendas de máquinas mais pesadas, implementos e peças entram neste cenário.
— Em 2022 ainda tínhamos uma interferência da pandemia, então alguns modelos de produtos faltavam no mercado. Os preços estavam mais elevados. Já em 2023 esse reflexo deixou de existir. Teve uma concorrência muito maior de todas as fabricantes, e, além da concorrência, a fabricação foi além do consumo dessas máquinas. Teve uma sobra de produtos no mercado e isso interferiu em valores. Todas as fabricantes deram um apoio para as concessionárias venderem — observa Oro, sobre a redução da margem nas vendas.
Para este ano, a loja espera novamente crescimento. Mas, antes, são aguardadas definições para a liberação de financiamentos ou de recursos para que os produtores consigam adquirir máquinas e implementos.
Vagas no mercado de trabalho
No Estado, o recuo veio acompanhado de uma queda nas vagas de trabalho no setor da fabricação de tratores e de máquinas e de equipamentos para a agricultura e pecuária. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a queda é de 2,66% até novembro do ano passado. No período, 9.874 pessoas foram contratadas e outras 10.812 foram demitidas. Ou seja, uma perda de 938 vagas.
Já em Caxias do Sul, a variação nos empregos é de um acréscimo de 0,92%. Conforme o Caged, até novembro foram gerados 223 novos cargos e 213 trabalhadores foram demitidos, o que gera um saldo de 10 postos de trabalho na categoria de fabricação de tratores e de máquinas e de equipamentos para a agricultura e pecuária.