Este conteúdo integra a coluna Caixa-Forte do jornal Pioneiro, que é produzida interinamente pela jornalista Juliana Bevilaqua
Na década de 1970, o produtor de uvas Clelio Sirtoli resolveu fabricar vinhos. Comprou as primeiras pipas e deu início à Vinícola Grutinha — nome em alusão à Gruta Nossa Senhora de Lourdes —, localizada perto da propriedade da família, no Travessão Santa Rita, na 3ª Légua, interior de Caxias. Mas o sonho virou frustração após sofrer um golpe. Foi enganado pelo contador que recebia dele o dinheiro dos impostos, mas não repassava para o governo. Clelio fechou a empresa nos anos 1980.
Os filhos Valdomiro, Elenir, Olivir, Valmir e Valmor queriam retomar o negócio, mas o instinto protetor de pai não deixava. Clelio tinha medo que a história se repetisse e achava que não permitindo estaria protegendo a família.
— Ele gostava muito dos filhos, não queria que eles sofressem, não queria que eles passassem pelo que ele passou — conta o neto Marcio Sirtoli.
Mas, depois da morte de Clelio, em 1993, Valmor tomou a iniciativa de reabrir a vinícola com os irmãos. Por muitos anos, trabalharam com vinhos a granel. No início dos anos 2000, criaram a marca Tradição e passaram a produzir vinho de mesa e suco de uva. Mais recentemente, começaram a fazer vinhos finos.
No final do ano passado, a empresa lançou a uma linha especial em homenagem ao fundador. A Grutinha Fratelli (irmãos, em italiano) tem tannat, branco chardonnay e rosé 50% merlot e 50% tannat.
— No tannat tem a imagem do meu avô. Nos outros dois, tem imagens das paixões dele. Desenhos de peixes no vinho branco, porque ele amava pescar, e flores e pássaros no rosé — explica Marcio, que é atualmente o diretor da vinícola.
Filho mais novo, Valmor não viu a homenagem. Ele morreu em 2010.
Clientes se emocionam
Além de vender para mercados e estabelecimentos especializados, a empresa criada por seu Clelio tem um varejo. É na loja junto à vinícola que a linha Fratelli mais tem saída.
— Vendemos mais no varejo da vinícola, porque contamos a história e as pessoas se comovem — conta Marcio.
— Meu avô era muito família e gostava de aproveitar a vida. Tinha a hora do trabalho, mas tinha também a hora do lazer _ completa o neto, que conviveu poucos anos com o avô, mas o suficiente para guardar boas lembranças.
A empresa familiar tem hoje à frente três filhos e seis netos.