Fundar uma empresa, desenvolver um produto e captar investidores para produzir e comercializar. Cada uma dessas etapas leva consigo complexidades que carregam o desafio de empreender. E experimentar desse aprendizado é a provocação feita anualmente pela Câmara da Indústria Comércio (CIC) Jovem com o Programa Miniempresa, idealizado pela Associação Junior Achievement.
Há 24 edições, estudantes do 2º ano do Ensino Médio de escolas públicas e privadas de Caxias do Sul e Farroupilha são convidados a entrar no mundo dos negócios. Com o acompanhamento de quatro empresários voluntários, os estudantes podem vivenciar a teoria e a prática de empreender. Iniciado sempre no primeiro semestre do ano, os melhores modelos de gestão são premiados no âmbito regional, estadual, nacional e internacional.
Em 2022 a miniempresa criada por 21 alunos da Caminho Rede de Ensino rompeu a barreira nacional e alcançou destaque latino americano ao ser reconhecida para participar da COY (Company of The Year) competição anual de miniempresas realizada pela Junior Achievement Americas. O evento ocorre durante o Fórum Internacional de Empreendedores (FIE), na Guatemala, entre os dias 4 e 9 de dezembro.
Desde a sua criação, em abril, a Umbag, uma união das palavras em inglês umbrella (guarda-chuva) e bag (bolsa) vendeu 301 porta guarda-chuvas para automóveis (que levam mesmo nome) e reverteu em 30% o investimento de R$20 realizado pelas 100 pessoas que compraram as cotas da miniempresa. O modelo ainda venceu como melhor gestão de marketing e relatório e alcançou o posto de segunda melhor miniempresa do Estado.
Em nível nacional a Umbag desbancou concorrentes, entre eles dois cases gaúchos, e agora será uma das três representantes do Brasil na competição que reúne as melhores miniempresas da América Latina. A comitiva que parte no dia 3 de dezembro será formada por um representante da Junior Achievement RS, e pelos alunos William Marafon, 16 anos, Vinicius Lamb, 17, e Rafaela Zattera, 16. Entre eles há um consenso, para listar o porquê de o produto ter sido tão bem aceito e ter feito da Umbag uma referência.
— Pensamos no clima da nossa cidade e da inconveniência de ter um guarda-chuva molhado no carro — afirmou o diretor financeiro, Vinicius Lamb.
— Foi um conjunto de produto necessário, preço acessível, produção e presença nas feiras para a comercialização. Vendemos na entrega de boletins, na saída das aulas, na Festa Junina e também pela internet — contou o presidente da Umbag, Vinicius Marafon.
Ter utilizado de todas as formas de venda, aliás, é motivo apontado pela diretora de marketing Rafaela Zattera para o destaque alcançado pela Umbag, que não tem mais o produto disponível.
— Estivemos em todos os eventos em que podíamos, como nas reuniões almoço da CIC. O marketing ajuda muito na criatividade e planejar estratégias ativa nosso lado empreendedor — disse Rafaela.
Para a diretora da Caminho Rede de Ensino, Maristela Chiappin, a gestão da miniempresa e o envolvimento dos alunos em todos os processos é motivo de orgulho e admiração. Segundo ela, proporcionar a experiência aos adolescentes faz com que eles sintam o potencial que carregam para empreender.
— Eles fizeram uso extremo do que sempre falamos, onde há uma necessidade, há uma oportunidade, e ver eles falando com propriedade desses conceitos, dá muito orgulho — afirmou.
Programa completa 25 anos em 2023
Mantenedora do Programa Miniempresa em Caxias do Sul, a CIC Jovem quer sensibilizar 25 escolas a participar no ano que vem. O número coincidiria com o aniversário de 25 anos do projeto, a ser comemorado em 2023. Neste ano, oito miniempresas foram formadas em Caxias e outras quatro em Farroupilha.
O processo de sensibilizar os estudantes a se tornar parte da experiência já começou. E uma das formas de convencer os adolescentes, segundo o coordenador da CIC Jovem, Júlio Chiappin, é mostrar cases de sucesso como o da Umbag.
— Todos os anos, depende muito do engajamento das escolas em aplicar e dos alunos daquela faixa etária em aceitar. O grande foco é fomentar esse empreendedorismo para cada vez mais termos pessoas que queiram fazer a diferença. Para que eles tenham essa bagagem e possam entrar no mercado de trabalho com essa base — explicou Chiappin, que também viajará para a Guatemala para representar a entidade.