As bebidas quentes têm uma relação muito íntima com o inverno, a estação mais característica da Serra. Com as temperaturas baixas, como observadas nos últimos dias e previstas para esta semana na região, elas servem de contraponto para suprir a falta de calor no dia a dia. O café, por exemplo, é sempre lembrado como uma boa companhia, principalmente para esse período do ano. Além do modelo tradicional de cafeterias, ganhou espaço em Caxias do Sul no último ano formatos de estabelecimentos que apostam em experiências diferentes para o cliente na hora de apreciar a bebida e espantar o frio.
O espaço que até o ano passado servia como uma das vitrines de uma loja de departamentos se tornou, há cinco meses, uma cafeteria instalada em uma das calçadas mais tradicionais do Centro. Quem passar pela Rua Dr. Montaury, quase na esquina com a Rua Sinimbu, pode parar e pegar um copo de café das mãos do barista Gabriel Amaral antes de seguir para os compromissos do dia.
É ele quem gerencia a Cupheads Street Coffee, uma cafeteria que tem o café com grãos especiais como carro-chefe do empreendimento.
— Trabalhamos com um café que é colhido à mão, vindo do Sul de Minas Gerais e torrado com o grão ainda verde aqui em Caxias mesmo, onde pegamos fresco todas as segundas-feiras. O nosso objetivo sempre foi oferecer um produto legal, de qualidade e que mexe com a curiosidade das pessoas em experimentar algo diferente — relata Amaral, que é de Porto Alegre e trabalha como barista há cinco anos em Caxias.
Em relação ao cardápio, além das bebidas mais doces, a Cupheads oferece cafés nos métodos expresso e passado em copos de 50ml e 100ml (uma terceira opção é estudada pelo estabelecimento), além da versão americano, que é um expresso longo, mas mais suave ao paladar do cliente. O café passado ainda é o preferido dos clientes, segundo Amaral, mas cada vez mais pessoas procuram saber sobre a diferença entre as bebidas e estão atentas ao que estão consumindo.
— Quando cheguei em Caxias tinham apenas dois lugares que ofereciam cafés especiais. Hoje em dia, mesmo com esses dois anos de pandemia, são diversos os estabelecimentos que trabalham com isso porque o consumo do café aumentou muito. Vejo muitas pessoas procurando um café diferente, querendo saber a origem, grão, métodos. Não é mais somente aquele público que pede um cafezinho e deu — relata.
Este é o primeiro inverno do estabelecimento e, segundo o gerente, é visível o aumento na procura pela bebida neste período mais frio em relação ao início da operação. Em um dia de junho, por exemplo, o local chegou a concentrar 13 pedidos ao mesmo tempo.
A cafeteria de Gabriel funciona em formato pegue e leve (ou take-away) e, por isso, os dias de sol acabam representando em mais movimento porque há mais pessoas circulando pelas ruas do Centro. Para quem deseja fazer uma pausa no dia, o local oferece mesas e cadeiras na calçada.
A bebida é preparada no local, mas a alimentação oferecida na cafeteria é feita em uma cozinha separada, com produção própria, antes de chegar até o estabelecimento na Dr. Montaury. Por isso, no futuro, a marca pretende expandir a atuação e inaugurar um novo espaço que contemple cafeteria e cozinha.
— Café não sai de moda e sempre tem um público disposto a consumir. Tem sido uma ótima experiência — comenta.
“Café é carinho e conforto”, diz empresário que foi pioneiro ao trazer a marca Starbucks
Uma cafeteria planejada durante a pandemia completou, em julho, o primeiro ano de operação em Caxias do Sul. A Sohva, criação do empresário Luciano Bulla e outros dois sócios, foi pensada para se firmar como um ambiente third place (o terceiro lugar mais apreciado depois da casa e do trabalho). Mais do que mesas e cadeiras, os sofás fazem parte do conceito arquitetônico da cafeteria instalada em um empreendimento residencial e comercial de alto padrão no bairro Exposição.
O ambiente despertou curiosidade, desde o início da operação, por ser a primeira cafeteria do país a trabalhar com máquinas e grãos de café licenciados pela marca Starbucks para empreendimentos voltados ao mundo corporativo. Antes de investir na Sohva, Bulla era um dos acionistas da marca Croasonho, que foi vendida para uma holding paulista em 2018. Desde aquela época, ele vinha mantendo contatos com representantes da multinacional norte-americana, o que permitiu abrir as portas para essa parceria.
— Foi uma oferta que nos fizeram ainda antes da pandemia. Conversamos e achamos interessante. Seguimos o padrão Starbucks, do grão de café que vem dos Estados Unidos ao copo que servimos a bebida. Fomos os primeiros a ter essa possibilidade de “vestir” a nossa cafeteria com a marca Starbucks. A Sohva é uma marca independente, não temos vínculo permanente com a Starbucks — exemplifica Bulla.
Durante o período do inverno, Bulla estima que o faturamento da cafeteria cresceu 25% em comparação com os meses onde as temperaturas são mais elevadas.
— O café é carinho e conforto. Quando as pessoas combinam de se encontrar, elas sempre dizem que vão marcar um café. É um produto consumido no mundo todo, mas é muito forte por aqui. E a gente vê o café no dia a dia como uma tendência que ganha mais espaço e com um consumidor cada vez mais com um paladar exigente, querendo conhecer mais as experiências de café, desde grandes marcas até pequenos produtores — afirma.
A unidade da Sohva no bairro Exposição teve investimento de R$ 600 mil. A previsão de retorno do investimento, conforme o planejamento, é de 24 meses. Ao todo, contando ainda a operação de panificação artesanal, que opera em outra sala no mesmo empreendimento, são nove funcionários trabalhando para atender ao público — quatro somente para o café.
A previsão era inaugurar o espaço em março de 2021, mas a pandemia fez com que os fornecedores de equipamentos tivessem dificuldade em atender a demanda local.
Com a Sohva consolidada no endereço atual, Bulla antecipa ainda que a cafeteria ganhará um segundo local em um empreendimento gastronômico no bairro Panazzolo com previsão de inauguração no segundo semestre do ano que vem.
Há também a previsão de abrir unidades próprias em outras cidades da Serra. Futuramente, Bulla se prepara para implementar uma rede de franquias da marca Sohva.