A bandeira vermelha que voltou a vigorar na Serra no início da semana mais uma vez exige adaptação do setor de restaurantes. Por 14 dias, a lotação dos estabelecimentos não poderá passar de 50% e o funcionamento será, no máximo, até as 22h. Tele-entrega, drive-thru e pegue e leve podem operar até as 23h. Já as mesas têm limitação de seis pessoas e não pode ter música ao vivo. Uma das regras mais difíceis de implantar, porém, é a suspensão do serviço de self-service (buffets), já que o decreto do Estado determina que um funcionário sirva os clientes.
O impasse, segundo o Vicente Perini, presidente do Sindicato da Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho (Segh), é que os restaurantes também são obrigados a reduzir as equipes a, no máximo, 50%. Dessa forma, a expectativa é de que alguns estabelecimentos não consigam cumprir a medida, embora a entidade recomende.
— A maioria é por falta de equipe. Se reduzir do jeito que o governo pede, você fica sem. Como vai fazer comida e servir ao mesmo tempo. Eu acho que o governador deveria rever, porque ele pede para retirar funcionários e para os funcionários servirem — argumenta.
Uma das recomendações para tentar driblar o problema é adotar o serviço à la carte, embora nem sempre no horário do almoço os clientes tenham tempo de esperar. Além disso, Perini acredita que o uso do buffet não favoreça tanto assim a propagação do coronavírus.
— Se tivesse o self-service seria muito mais fácil, porque ele não é um disparador de covid-19. Álcool e distanciamento ficaria na mesma linha do funcionário servir — pondera.
Com dificuldades de cumprir restrições em buffets em meses anteriores da pandemia, alguns restaurantes de Caxias do Sul adotaram luvas descartáveis para os clientes se servirem, o que não era permitido. Por conta disso, pelo menos cinco estabelecimentos foram multados pelo Ministério Público em R$ 2,5 mil em setembro.
Fim de ano frustrado
O aumento nos casos de covid-19, seguido de bandeira vermelha também prejudica a receita dos restaurantes em um dos períodos de maior movimento do ano. Conforme Vicente Perini, novembro e dezembro são meses que concentram reservas para jantares de confraternização e amigo secreto. Em 2020, porém, essa demanda praticamente zerou.
— Tinha uma reserva de empresa, mas aí veio a bandeira vermelha e cancelaram. Outros donos de restaurante com quem eu converso também não estão tendo procura — lamenta.