No mercado desde 2018, a startup Icehot, de Bento Gonçalves, surgiu com a ideia inovadora de comercializar totens de distribuição gratuita de água nos municípios. O equipamento denominado de Icehot é uma espécie de bebedouro sofisticado com água gelada e água quente. Após um início de muitos "nãos", a empresa logo conseguiu ter respaldo em várias cidades do RS e, depois de um final de 2019 bastante positivo, projetaram expectativas ambiciosas para 2020, investindo na fabricação de cerca de 25 unidades para começar o ano. No entanto, quando estourou o coronavírus, as prefeituras fizeram contato informando que iam suspender temporariamente a instalação dos equipamentos.
— Ficamos com 25 equipamentos em estoque. Estávamos bastante preocupados. Investimos alto e nossos clientes estavam cancelando e suspendendo (os pedidos). Íamos ter prejuízo. Uma tarde eu saí de carro para pensar. Dirigindo, surgiu uma ideia: por que não colocar álcool em gel nos equipamentos? — conta Alex Oliveira, sócio-proprietário da Fácilgel.
A ideia foi sugerida ao sócio que topou o desafio de adaptar o equipamento. Prototiparam o modelo de pedal, ao mesmo tempo que procuravam patrocinadores. Conseguiram a Unimed.
— Levamos cerca de duas semanas entre a concepção até a instalação do primeiro equipamento. Aqueles mais de 20 equipamentos que estavam parados, vendemos todos. Agora estamos desenvolvendo equipamento exclusivo de álcool em gel (o Icegel). Em questão de dois meses, mudamos o quadro financeiro de terror extremo para um negócio que está fazendo nossa empresa faturar mais do que faturava antes.
O faturamento era de cerca de R$ 40 mil, agora passa de 60 mil/mês, um crescimento de 50%. O modelo de negócio não consiste na venda de equipamento. As prefeituras (cliente alvo) não precisam investir no produto, podem patrocinar álcool gel e ocupar um dos espaços de patrocinador no revestimento. Quem paga a conta normalmente são patrocinadores, que podem divulgar a sua marca nas laterais da máquina, com a contrapartida de reverter valor mensal para a empresa. Portanto, o espaço de publicidade é locado, e o equipamento é cedido em comodata.
Atualmente, a empresa é composta por seis pessoas, sendo três sócios. Para o futuro próximo, a ideia é ampliar
— Sou um sonhador. Gostaria de ampliar muito, já visualizamos nosso produto em todo o Brasil, até fora do Brasil. Temos mercado em outros países. Temos o Icehot, nosso produto que agora está temporariamente parado, mas já havíamos fechado parcerias com outros Estados. E o próprio sucesso do Icegel já nos encaminhou futuros parceiros.
O sucesso da empreitada, para Alex, não serviu apenas para manter a empresa viva, mas de provação de si mesmo como empresário:
— Desde o primeiro momento, quando vi que o mercado estava mudando, tirei uma semana para fazer reciclagem. Estudei, li muito para estar preparado para este cenário. Tinha muito claro que esse era o momento de me provar como empresário. É fácil dar certo em momentos de prosperidade, só que nenhum empresário de sucesso do Brasil não passou por crise, todos passaram. Esse era o momento de provar que somos competentes.
Além do Icegel, a empresa também possui o Fácilgel, versão compacta e simplificada do produto. Esse equipamento é voltado a ambientes comerciais e industriais e tem custo de R$ 289 cada. Até a última semana, já haviam sido comercializadas mais de 550 unidades.
Baratear a produção
Com a mudança de produto, os sócios esperam reduzir drasticamente os custos de fabricação. O atual equipamento adaptado custou em torno de R$ 15 mil para a produção. A expectativa é de que o novo modelo diminua para em torno de R$ 5 mil. A expectativa é já colocar no mercado nos próximos dias.
— Como o nosso modelo era voltado para a água, a durabilidade prevista era de 5 a 10 anos. Agora, como o álcool gel é uma necessidade que não deve permanecer como demanda por tanto tempo, vamos economizar na matéria-prima, fazer um equipamento menos resistente, mas ainda assim robusto, previsto para durar até dois anos.