Como é que chama aquela pessoa que acorda de madrugada e envia mensagens aos colegas de trabalho para que não se esqueçam de algum detalhe importante para o dia seguinte? Há quem diga que o diagnóstico é de workaholic.
– O marido já casou sabendo como era, e meu filho também, sempre me viu assim. Eles acabam sentido orgulho, não é uma coisa negativa – desconversa, bem-humorada, a relações públicas Daniela Fiorese Lucchese, 49 anos, pós-graduada em Administração em Marketing e em Gestão do Cerimonial/Planejamento e Organização de Eventos, e com MBA em Gerenciamento de Projetos.
Daniela é responsável por alguns dos maiores e mais importantes eventos corporativos realizados sobretudo no sul do Brasil. Em 2020, entre março e dezembro deverá realizar e produzir 42 eventos.
– Estamos com a agenda cheia, mas sempre cabe mais um, né? – diz, com um olhar de criança travessa.
Entre os eventos de maior destaque para esta temporada estão: CTR Talks – Eletrificou, e agora? (março), Marcopolo SMART – Simpósio Marcopolo de Tecnologia (18 e 19 de março), 11º Colloquium Internacional SAE BRASIL de Suspensões e Implementos Rodoviários & Mostra de Engenharia (20 e 21 de maio), 12º Simpósio SAE BRASIL de Máquinas Agrícolas (27 de agosto), 12º Simpósio de Manufatura (14 e 15 de outubro) e 25 anos da Hyva do Brasil.
Confira a seguir, na entrevista com Daniela, além do relato do perfil da empresa dirigida pela ela, a DL Comunicação e Eventos, apontamentos da profissional com mais de 26 anos de carreira, sendo 23 deles vividos na Dolaimes Comunicação e Eventos.
– Na área profissional, uma das pessoas que mais admiro é a Dolaimes Stédile Angeli (in memoriam), porque foi a minha inspiração na profissão que escolhi – reconhece.
De que forma os empresários enxergavam os eventos e como eles percebem hoje?
As pessoas sempre viam o evento como uma festa. Mas eu considero o evento como uma ferramenta estratégica muito eficiente para a imagem corporativa. O que eu acho, é que agora eles se deram conta de que o evento é uma ferramenta não só da construção da imagem, mas também de relacionamento e que funciona muito para incrementar as vendas e o networking. Afinal de contas, tem algo melhor do que estar em um mesmo ambiente onde está aquele cara que tu tentou o ano inteiro marcar um horário com ele?
Quais tem sido os desafios do mercado de eventos?
Eu trabalho com isso há 26 anos. Já passamos por vários momentos em que tivemos de nos adaptar. Mais recentemente, quando entramos na fase de vacas magras, no período da crise, as empresas até queriam continuar a realizar os eventos, mas as verbas eram de um terço do que estávamos acostumadas a trabalhar. Foi um período desafiante e estressante para fazer bem, mas com muito pouco.
Se a tua empresa está com 42 eventos para produzir durante este ano é sinal de que a indústria de um modo geral está com perspectivas de aquecimento para 2020?
Sim. Agora a gente começa a ver esse movimento de retomada no Brasil, naturalmente aumenta a nossa demanda. As empresas estão se abrindo para o investimento na área de eventos e começam a aparecer novos clientes. A gente não sentiu tanto esse período de crise, porque nossos clientes são de mais de 20 anos, então todos os anos tivemos trabalho. Teremos agora em outubro o 12º Simpósio de Manufatura, por exemplo. Esse evento realizamos desde a primeira edição, com a elaboração do projeto, plano e prospecção comercial e organização e acompanhamento da parte técnica e da estrutura física.
Quantas pessoas tu tens na tua equipe, para um evento que vai atender 300 convidados?
Umas 30 pessoas. Um staff direto, sem contar, por exemplo, os garçons do hotel que vão servir no evento.
O que te levou a entrar nesse mercado de eventos corporativos?
Logo que me formei (em relações públicas, pela UCS) fui trabalhar com a Dolaimes (Dolaimes Comunicação e Eventos). Faço eventos corporativos desde que entrei nessa área. Hoje é muito difícil eu fazer eventos de “baixa complexidade”, por assim dizer. Cada um no seu negócio, mas há uma diferença grande entre fazer um evento da inauguração de uma fábrica e a inauguração de uma loja. São perfis diferentes. O evento corporativo é mais objetivo, não tem enrolação, é quase uma ciência exata.
Eventos tendem a ocupar muitas horas, tanto para o planejamento quanto para a realização. Como equalizar vida profissional e vida pessoal?
Eu sou feliz trabalhando. Me realiza produzir. Não é trabalhar por trabalhar. Sei que não é saudável, mas eu curto olhar mensagens no WhatsApp às 7h, mas se me enviarem um recado às 22h, eu vou responder. Eu sou assim, sou ligada na tomada. Gosto muito. Não me incomoda entrar e sair de reunião, e depois pegar a estrada e ir para Porto Alegre e voltar, desde que eu me sinta segura de que tudo vai dar certo.
E como a família lida com isso?
O marido já casou sabendo como era, e meu filho também, sempre me viu assim. Eles acabam sentido orgulho, não sinto que é uma coisa negativa. Porque nos momentos em que estamos juntos, importa mais a qualidade do tempo do que a quantidade. E com relação a isso está tudo sob controle.
Já sentiu desconforto por ser mulher, já que a maioria dos executivos e diretores das empresas são homens?
Sempre fui o “bendito fruto”. Nunca tive problemas com isso, mas vai muito do posicionamento de cada um. Agora, nos eventos corporativos, estamos tendo mais a presença de engenheiras e executivas. Mas nesse tempo todo de carreira, sempre me trataram como um igual. Muitos dos meus clientes eu conheço a famílias e os filhos.
ESTATÍSTICA
Dados recentes da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc) apontam que esse mercado cresce, em média, 14% ao ano. O nicho voltado a eventos corporativos contabiliza números expressivos, chegando a movimentar mais de R$ 200 bilhões ao ano.
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