Refirmada como prioridade na gestão do prefeito Flavio Cassina (PTB), a ocupação do prédio da antiga Maesa esbarra, entre outros empecilhos, num problema espacial: a continuidade do maquinário da empresa Metalcorte Fundição, última a ocupar parte do imóvel. Embora o Grupo Voges (do qual a Metalcorte faz parte) tenha tido a falência decretada em agosto do ano passado, desde então, a estrutura abriga equipamentos e materiais deixados após o encerramento das atividades.
O patrimônio será leiloado para restituição de parte dos passivos trabalhistas, tributários, fiscais e sociais, estimados em aproximadamente R$ 1 bilhão, conforme o Ministério Público Estadual.
Segundo Nelson Sperotto, administrador judicial responsável para dar andamento aos atos após a falência da empresa, a expectativa é de que a desocupação do espaço ocorra ainda neste semestre.
— O juiz ainda não autorizou a venda de nada. O falido (Osvaldo Voges, proprietário do grupo) já disse que pretende fazer correções no valor que estimamos do maquinário na Maesa (Metalcorte Fundição) — comenta.
Sperotto informa que o levantamento dos imóveis pertencentes ao Grupo Voges já foi concluído. Conforme o laudo de avaliação dos bens da massa falida, o patrimônio das empresas Metalcorte Fundição, Voges Motores (no bairro São Cristóvão), além de veículos e imóveis pertencentes ao CNPJ do grupo alcança R$ 333.758.339,27. Na Metalcorte Fundição, o valor avaliado para leilão é de mais de R$ 6,7 milhões, estimativa que é contestada por Osvaldo.
— O falido garante que tem condições de vender por mais e vai apresentar uma nova avaliação nos próximos dias. Se ele acha que pode valer mais, não temos por que criar problemas contanto que apresente valor razoável. Mas é justamente onde teríamos mais pressa que ele quer fazer algumas correções. Isso pode atrasar alguns meses todo o processo. Mas esse semestre vai sair a venda. (O maquinário) tem de sair da Maesa — acredita o administrador judicial.
O laudo de avaliação dos bens do grupo foi remetido ao Judiciário ainda em outubro. No entanto, a greve forense que durou até 14 de novembro e o recesso dos servidores, que terminou ontem, protelaram possível avanço no processo.
O patrimônio do Grupo Voges
O laudo de avaliação de bens projeta que o patrimônio deixado na Metalcorte Fundição valha em torno de R$ 6,7 milhões. Ao todo, foram contabilizados 436 lotes aptos para o leilão, sendo 131 desses itens hoje utilizados na Mercosul Motores (antiga Voges Motores). É pouco, se considerado o montante total de mais de R$ 333 milhões que devem ser remetidos ao leilão.
Chama a atenção, no entanto, que os maiores valores estimados são de propriedades registradas pelo CNPJ do Grupo Voges. Ao todo, mais de R$ 260 milhões são referentes a esses terrenos, que incluem áreas urbanas e propriedades rurais. Há, por exemplo, uma área no estado do Amazonas com 9.749 hectares, estimada em mais de 68 milhões, e outra, no mesmo Estado, de 10.432 hectares avaliada em R$ 89,9 milhões. Consta também uma fazenda em Cazuza Ferreira de 526 hectares, avaliada em mais de R$ 12 milhões.
Por estarem inscritos sob o CNPJ do Grupo Voges, todas as áreas estão aptas para o leilão. Os bens pessoais de Osvaldo Voges só poderiam ser leiloados em caso de condenação criminal.