Ter vocação para a moda e alinhavar uma linha própria de looks já é um sonho. Para a estilista Alessandra Bulla Marques, 40 anos, essa conquista é ainda mais apaixonante, por envolver peças para bebês e crianças.
A empresária, com formação em Design de Moda (UCS) e pós-graduação em Marketing (FGV), comanda a Pinoti Baby & Kids, empresa caxiense com 38 anos que produz 12 mil peças por mês e comercializa para mais de duas mil lojas em 20 Estados. E não é só isso: no momento, a marca costura um ousado projeto de exportação para países da América Latina, a ser efetivado no próximo ano. Além disso, ganhou projeção nacional ao produzir uma linha exclusiva de moda bebê assinada pela apresentadora Sabrina Sato, que deu à luz sua primeira filha, Zoe.
Alessandra Bulla Marques é mãe de Henrique, 10 anos, e não abre mão de curtir a família e de viajar. A seguir, entrevista com a estilista/empresária:
Conte um pouco da história da Pinoti Baby & Kids.
A Pinoti Baby & Kids foi fundada em 1981 com a produção, na época, de calças plásticas para bebês. Com a entrada das calças descartáveis no mercado, tivemos de mudar o foco em que atuávamos. Eu estava iniciando a faculdade de Design de Moda na UCS. Então, decidimos criar uma coleção de moda bebê diferenciada, e deu muito certo. Após alguns anos, o mercado nos pedia uma linha maior, que atendesse ao público infantil para as mães continuarem o vínculo com a marca. Em 2010, a Pinoti deixou de ser só Baby e passou a ser Baby & Kids. A família dos nossos clientes cresceu e a nossa também.
Como criar uma empresa com conceito?
Temos de estar sempre inovando em relação aos concorrentes, antenados a tudo o que o mercado oferece com suas demandas e, principalmente, estar conectado com o comportamento e desejos dos nossos consumidores. Isso é fundamental: a marca ser desejada pelos seus clientes e consumidores finais.
Quais os principais mercados e quais estão nos planos da marca?
Atuamos há 38 anos nesse segmento abrangendo todos os Estados das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do país, com foco nas melhores lojas multimarcas de moda bebê e infantil.
A demanda muda por região em função do clima?
Nosso principal mercado são as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, nas coleções de inverno, devido ao clima da região e às matérias-primas que usamos nessa estação, que acabam sendo mais pesadas e invernais. Já na coleção de verão, conseguimos abranger uma região maior, atendendo aos Estados do Nordeste.
Quanto a loja virtual representa no percentual de venda?
A nossa loja virtual foi inaugurada recentemente, há um ano e meio, ainda é um bebê engatinhando. Porém, ficamos muito surpresos com os resultados que estamos tendo e, principalmente, como a marca é querida e desejada pelas mães e seus filhotes. Esse contato direto com consumidores finais é fantástico. Hoje a nossa loja virtual representa 15% do nosso faturamento, com previsão e aumento para 20% até o final de 2019.
Como conciliar as funções de estilista e linha de frente da empresa?
Esse é o meu maior desafio. Estar na linha de frente da empresa requer muito tempo e dedicação, além das duas coleções que fazemos todo ano, verão e inverno, que também exigem o meu máximo, pois é um processo criativo muito complexo que vai desde a escolha da cartela de cores, tecidos, estampas até a sua finalização, com produção de fotos e catálogo para o lançamento da coleção. Aí podemos dizer que nosso filho nasceu!
A crise dos últimos anos impactou no negócio?
Com certeza, essa crise afetou de forma muito ampla o mercado da moda, tanto para nós enquanto indústria quanto para nossos clientes do comércio. Tivemos de nos reinventar, inovar, reduzir despesas e trabalhar de forma mais enxuta e dinâmica para nos mantermos no mercado.
Qual a perspectiva de crescimento em 2019?
A nossa perspectiva de crescimento é de 8% para este ano, pois sabemos que comportamento, consumo e economia são variáveis que alteram as tendências de qualquer cenário. Seguimos otimistas, apostando nas parcerias que já temos com grandes clientes e acreditamos no incremento nas vendas através da nossa loja física e virtual. Se conseguirmos tirar do papel nosso projeto de exportação, há previsão de geração de mais empregos em 2020.
Quais os principais entraves do setor?
A falta de mão de obra qualificada na nossa região, nos obrigando a enviar parte da nossa produção para terceirizados em outras cidades, e a alta carga tributária, que precisa ser repassada a nossos clientes, nos tornando menos competitivos em relação a peças importadas.
Qual o desafio de produzir peças para crianças?
O grande desafio da moda bebê e infantil é encantar, produzir peças diferenciadas, cheias de estilo, sem perder conforto, movimento. Sempre buscamos matérias-primas especiais, que proporcionem tudo isso, além da preocupação com acabamentos para facilitar o vestir dos pequenos consumidores.
Que conselhos daria a um jovem empresário?
Não tenha medo de arriscar. Ser ousado e inovador é fundamental, manter-se sempre focado, ter consciência de que não será fácil, que terá muitas dificuldades e obstáculos pela frente e, mesmo assim, deverá se manter otimista. Acima de tudo, deve trabalhar com aquilo que gosta, colocar amor e dedicação em tudo que fizer. Com certeza, terá bons resultados e sonhos concretizados.
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