Em abril deste ano, o metalúrgico L.M.C, 48 anos, gastou R$ 927,42 em compras no cartão de crédito. Foram nove contas em diferentes dias do mês, entre supermercado, posto de gasolina e farmácia. A de valor mais alto foi de R$ 254. A mais baixa, R$ 12,65 em uma fruteira.
A fatura, com vencimento em 15 de maio de 2018, já chegou com valor de R$ 1.004,09, ou seja R$ 76,67 a mais que a soma. A partir de então, sem conseguir pagar o cartão, a dívida só aumentou e ele viu sua vida virar um “inferno”.
O metalúrgico integra o contingente de mais de 78 mil caxienses que estão com o nome no Serasa. Nunca em sua história, Caxias do Sul registrou um índice tão alto de devedores. São 78.565 mil CPFs negativados.
Ou seja, cerca de um terço da população apta a trabalhar está pendurada no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) e pelo menos R$ 66 milhões estão deixando de circular na economia caxiense. Este dinheiro faria diferença nos resultados dos comerciantes da cidade.
— Complica a economia de qualquer município — destaca o assessor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Caxias) Mosár Leandro Ness.
Se comparado com 2013, quando os números começaram a ser registrados pela CDL, o salto foi de quase 11 mil pessoas – cerca de 5%. Em 2016, a casa dos 70 mil foi alcançada e ali permaneceu.
Acompanhe os números
* O mês de julho teve retração de 0,72% no estoque de dívidas em Caxias se comparado com junho. No acumulado do ano, no entanto, o valor (em R$) cresceu 31,46%. Nos últimos 12 meses, o aumento foi de 84,26%.
* Em julho, a taxa do cartão de crédito rotativo foi de 271,4% ao ano, uma das mais elevadas entre as avaliadas pelo Banco Central.
* A taxa de juros da modalidade rotativo não regular (que inclui as operações nas quais o pagamento mínimo da fatura não foi realizado), está em 285,2% ao ano.
* A taxa de juros média no cheque especial em julho foi de 303,2% ao ano.
* Em julho, o comércio caxiense teve alta de 11% nas vendas. O desempenho foi puxado pelos bons negócios em automóveis, caminhões e autopeças.
* Nos últimos 12 meses, a economia caxiense cresceu 8,2%, e o mercado de trabalho, 2,5%.
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