O filme recomendado pelo serviço de streaming, o conteúdo que você enxerga na timeline da rede social ou a propaganda de um produto com a qual você se depara na internet têm muito mais em comum do que se possa imaginar em um primeiro momento. Por trás dessas e de outras tantas situações cotidianas no ambiente virtual está o uso da ciência de dados. Em ascensão meteórica, essa área do conhecimento está cada vez mais sendo utilizada por empresas e organizações para mapear tendências e ajudar na tomada de decisões para futuros negócios.
– A ciência de dados é basicamente a união de big data (vasta quantidade de informações que impactam o dia a dia dos negócios), com estatística e inteligência artificial. O cientista de dados é quem analisa os dados utilizando estatística e inteligência artificial para conseguir tirar conclusões a partir disso – descreve Fabiane Nardon, cientista-chefe da Tail Target.
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As informações utilizadas para embasar as decisões são as mais variadas possíveis. Basicamente todo o rastro que uma pessoa deixa na internet, como os conteúdos que ela curte ou seu histórico de buscas, serve para que uma empresa identifique os perfis de potenciais consumidores. Além disso, bases de dados públicas, como a de registros de produtos, podem ajudar a identificar a movimentação de um concorrente no mercado.
– Toda e qualquer trilha que passa pelo ambiente digital deixa um rastro de informação. Isso faz com que existam inúmeros interesses econômicos para entender o comportamento dessas trilhas. A ciência de dados vem para pegar esse volume de informação e conseguir dar um sentido a ele – explica o diretor-executivo da Plugar Data & Intelligence, Fabio Rios.
Em uma época em que informação vale mais do que nunca, Rios lembra que a venda de base de dados será um dos negócios mais promissores no futuro. Até o ano de 2030, 70% das empresas deverão negociar as informações que possuem em suas bases. Comprando diferentes dados e cruzando-os, uma marca consegue vislumbrar com mais precisão aquilo que o consumidor deseja e, a partir daí, desenvolverá seus novos produtos.
Estourar a bolha
Se a ciência de dados pode tornar mais cômoda a vida do consumidor, que a partir de suas preferências recebe uma série de recomendações de conteúdos, ela também pode ter um efeito colateral. Sendo assim, um dos principais desafios é conseguir estourar as bolhas que os algoritmos acabam criando.
– O algoritmo te leva a seguir a um comportamento. Se você só curte notícias de uma corrente política, cada vez mais você recebe aquilo. Tem o lado positivo de mostrar coisas que você quer ver, mas também tem que ver como se faz para sair dessa bolha. É uma grande discussão – diz Fabiane.
Profissão em alta
Para analistas de recursos humanos, cientista de dados é uma das profissões que mais devem ser demandadas nos próximos anos. No Brasil, grandes empresas já começaram a incorporar profissionais para atuar nessa função ou então passaram a contratar serviços de empresas voltadas a esse setor. Entre as médias e pequenas, a ciência de dados ainda tem um largo caminho até se consolidar.
Na percepção de Fabiane, a publicidade é um dos segmentos que mais utilizam essa ferramenta atualmente. A tendência, porém, é de que a ciência de dados ganhe espaço em muitos outros ramos. Para ela, empresas que não souberem interpretar as informações que possuem perderão espaço no mercado.
– A inteligência artificial não vai substituir os gerentes, mas os gerentes que não usam inteligência artificial vão ser substituídos por aqueles que utilizam.
No país, não existem cursos de graduação voltados à ciência de dados, algo já comum no Exterior. O mais recorrente é que profissionais ligados à tecnologia da informação, estatísticos e matemáticos acabem ocupando esses postos. Por outro lado, Rios lembra que profissionais de outras áreas, que tenham afinidade com o tipo de negócio que a empresa está inserida, também podem acabar atuando na função.
– Ter conhecimento em estatística é importante, devido ao volume grande de informação. A questão da computação, da inteligência artificial, também. E tem um terceiro ponto que é a capacidade de compreender o negócio – acredita ele.