Às vésperas do inverno, as malharias da Serra Gaúcha traçam projeções otimistas para as vendas em 2017. Com os estoques acumulados de outros anos zerados, muitas empresas voltaram a utilizar a capacidade produtiva máxima e já começaram a entregar as peças para o comércio. Além disso, uma série de companhias na região não para de receber caravanas de lojistas vindos de diferentes partes do país.
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O movimento nos primeiros meses do ano é comemorado pelo sócio-proprietário da Gida Malhas, Nelso Giacomin. O empresário lembra que, depois de temporadas de vendas em queda, em 2016 o frio de maio e junho impulsionou os negócios em 30% na comparação com 2015. Por isso, a meta é, pelo menos, repetir o desempenho positivo do ano passado.
– Até agora, as vendas estão maiores que no ano passado. Temos que ver como isso vai terminar, só no final de junho teremos a resposta. A expectativa é boa, mas depende do tempo. Quando chega o frio, o produto vende.
Com uma produção de 120 mil peças ao mês, a malharia caxiense destina 70% dos artigos para pronta-entrega e o restante para atender pedidos. Praticamente todos os dias, lojistas chegam na empresa buscando produtos. Segundo Giacomin, há dias em que chegam até 20 excursões, com mais de 200 comerciantes.Nesse contingente está a empresária Valdete Ferreira, que veio de Itajaí, Santa Catarina, especificamente para comprar artigos de marcas gaúchas.
– Fiz um pedido de 100 peças e vim buscar outras 100 aqui. Se o frio for intenso, venderemos melhor que no ano passado – analisa a proprietária de uma loja catarinense de roupas femininas.
Capacidade máxima
Após vivenciar temporadas consecutivas de baixa nas vendas, a malharia Cometa, de Flores da Cunha, encara 2017 como o momento da retomada. Com foco no trabalho por demanda, a empresa está com a agenda repleta de pedidos.
– Estamos utilizando 100% da capacidade produtiva desde janeiro. Não temos como aceitar mais pedidos até o final de junho – afirma Elias Biondo, diretor administrativo da Cometa.
No ano passado, a ocupação da capacidade de produção foi de 80% na época de pico. Biondo lembra que o cenário de crise também impactou o setor. A Cometa chegou a reduzir cerca de 20 postos de trabalho. Com o bom desempenho até o momento, a tendência é de crescimento de 10% no faturamento e de voltar a contratar conforme aumente a demanda.
A presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Malharias da Região Nordeste do Rio Grande do Sul (Fitemasul), Paola Reginatto, se mostra cautelosa com a projeção de vendas do setor, mas acredita que as empresas da Serra devem apresentar, no mínimo, estabilidade em relação ao ano passado.
– Estamos trabalhando com um número muito próximo a 2016. Em um mercado onde houve redução de consumo em todos os principais setores da economia, acreditamos que se conseguirmos nos manter estáveis já é uma vitória – diz Paola.
A entidade, entretanto, não tem cifras ou dados relativos às perspectivas de produção ou vendas em 2017.
Festimalha supera expectativa
Um dos principais termômetros de vendas das malharias, o Festimalha chega a sua última semana com expectativa de superar os resultados obtidos no ano passado. Na ocasião, foram 106 mil visitantes, 450 peças de roupas vendidas e R$ 31 milhões de faturamento. A organização não dispõe de dados parciais atualizados, mas o último indicativo foi de 50 mil visitantes nas duas primeiras semanas. No entanto, o clima é de otimismo entre os lojistas.
– O ano está muito bom, estamos com bastante vendas. Informalmente, ouvimos de expositores que até o momento eles já venderam mais que no ano passado – afirma Rebbie Forian, coordenadora de comunicação e eventos Associação Comercial e Industrial de Nova Petrópolis (Acinp).
O festival ocorre no Centro de Eventos de Nova Petrópolis até 28 de maio, de quinta-feira a domingo, das 10h às 19h. A expectativa dos organizadores é de que o público compareça em peso nos últimos dias. O fluxo de pessoas deverá ser influenciado pelo feriado de Nossa Senhora do Caravaggio.