A decisão sobre a aprovação ou não do plano de recuperação judicial da Guerra SA, mais uma vez, será adiada. Convocada para votar a proposta divulgada na semana passada pela empresa, a assembleia de credores ocorrida nesta quarta-feira teve rumos inesperados. Um grupo de seis credores, com o aval do acionista minoritário Marcos Guerra, apresentou um plano alternativo ao que estava na pauta. Isso fez com que a diretoria da companhia recomendasse o adiamento. Por volta das 20h, a maioria decidiu postergar o veredicto para 4 julho.
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Marcada para iniciar às 14h, a assembleia começou com cerca de uma hora de atraso. Um grupo vindo de São Paulo para a reunião não conseguiu voo direto para Caxias, em função do mau tempo. Os paulistas tiveram de ir a Porto Alegre para, então, se dirigirem de táxi até a Serra.
Na fila do credenciamento, credores conversavam com seus pares. No geral, percebia-se um clima de desgaste em relação ao prolongamento do impasse envolvendo a Guerra. Havia também uma parcela de pessoas céticas com relação ao plano apresentado. É o caso de uma fornecedora de rolamentos, que veio de Porto Alegre.
- O plano de recuperação favorece apenas aos bancos – sintetizou.
Inicialmente, o advogado Angelo Coelho e o administrador Sérgio Konarzewski, responsáveis por articular o plano de recuperação, explicaram ao público como ocorreria o pagamento de cada parte. Konarzewski reconheceu que a proposta apresentada não era a ideal, mas era a possível de ser cumprida pela companhia.
- Prejudicados todos já foram. Estamos trabalhando para diminuir o dano - apontou, defendendo a aprovação do plano.
Plano alternativo
Quando abriu-se o espaço para perguntas dos credores, veio a surpresa. Um advogado, em nome de seis credores, pediu a palavra para apresentar um outro plano, com diferenças principalmente em relação à possibilidade de venda dos bens da empresa para liquidar as dívidas. O impasse em relação a que caminho seguir levou ao adiamento.
A advogada Sandra Pistor, que representa o acionista minoritário, endossou a defesa pela proposta alternativa e disse que os trabalhadores seriam priorizados nela.
- Essa proposta (dos acionistas majoritários) é imoral - classificou.
A Guerra tem mais de 700 credores, que esperam receber um montante superior a R$ 200 milhões. Há duas semanas as atividades na empresa estão totalmente interrompidas e os salários estão atrasados. A esperança é de que, com a aprovação do plano, se possa ter um aporte de investidores de cerca de R$ 60 milhões, que servirá como capital de giro.