Passar imune pela retração econômica que já dura mais de dois anos é tarefa praticamente impossível para qualquer setor. Alguns segmentos, porém, vêm conseguindo ao menos amenizar os impactos da crise, como é o caso do ramo têxtil. Conforme Sidimar Remussi, diretor presidente do Polo de Moda da Serra, a queda no desempenho do ramo é de 15% a 20% na região desde o início da desaceleração. Em comparação com o setor metalmecânico, que acumula perdas próximas de 50% no faturamento no período, a indústria têxtil mostra que sentiu menos a crise.
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Essa disparidade nos resultados das duas indústrias é explicada, em parte, pelo perfil setorial. Enquanto os desempenhos das empresas do setor metalmecânico costumam estar vinculados, no ramo têxtil há diferenças, explica Remussi:
– Sofremos impactos da crise, como todo mundo, mas não somos tão dependentes de uma cadeia, como é o caso do setor metalmecânico. No ramo têxtil, há relatos de fábricas que fecharam, assim como há outras que vêm crescendo. Isso que faz nossa queda ser menos expressiva – justifica.
A Upman, empresa caxiense em que Remussi é presidente, é exemplo de empreendimento têxtil que conseguirá fechar 2016 com alta de 10% a 12%. O bom desempenho da companhia especializada em moda íntima masculina é atribuído à profissionalização:
– Quem se planeja e reinveste constantemente na empresa, sente menos (a crise). Temos que estar preparados para desacelerações. Outro fator importante é que a moda é um ramo muito dinâmico: sem investimentos em inovação, a empresa fica para trás – ensina, acrescentando ainda que o forte frio de 2016 também ajudou as vendas do segmento.
Estima-se que há, na Serra, 1,8 mil empresas do setor têxtil (sendo cerca de mil em Caxias). Juntas, elas empregam 4,2 mil funcionários. A média de empregados por empresa no segmento, portanto, é bem baixa:
– Boa parte das empresas do setor nasceu pequena, são familiares, e não há problema nenhum nisso. Mas a profissionalização, a boa gestão, se faz necessária para que o negócio se perpetue. Às vezes o empresário não tem tempo de pensar em estratégias, porque precisa estar resolvendo problemas caseiros. Isso pode acabar com um negócio – resume.
NÚMEROS NACIONAIS DO SETOR
:: Faturamento de R$ 126 bilhões
:: 33 mil é o número de empresas
:: Gera 1,5 milhão de empregos diretos
:: R$ 15 bilhões é a contribuição do setor em impostos
:: Exportações somam R$ 1,1 bilhão
:: Já as importações movimentam R$ 5,8 bilhões (o que gera saldo comercial negativo em R$ 4,7 bilhões)
:: O Brasil operou 2015 com 160,1 mil pontos de venda de vestuário
:: Cerca de 56 mil dos pontos de vendas (35%) estão em 538 shoppings dos país
:: Lojas de departamento especializadas em moda respondem pelo maior faturamento do segmento, com 30% do total das receitas
:: Entre 2009 e 2014, o varejo de vestuário cresceu 9% em peças. Em 2015, houve queda de 4,2% em peças
Fonte: estimativas do IEMI, Aliceweb e IBGE
Boa gestão
Profissionalismo e inovação amenizam impactos da crise no setor têxtil da Serra
Ramo têxtil baixou o faturamento em 20% na retração, queda bem menor que a indústria metalmecânica
Ana Demoliner
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