Conhecido historicamente por ser um dos símbolos do Rio Grande do Sul e o fiel companheiro dos gaúchos que vivem no campo, o cavalo crioulo vem se tornando também uma fonte relevante de renda para muitos criadores e investidores. Na contramão do cenário geral de retração, as vendas projetadas para o ramo são sempre de crescimento: na Expointer, por exemplo, que começa neste final de semana, a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) prevê alta de até 8% nas comercializações da raça.
Na Serra Gaúcha, os números também seguem em ascensão. Conforme o Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos dos Vinhedos, a região conquistou alta de 215% na participação em finais da raça de 2015 para 2016.
– Esse crescimento decorre de uma conscientização maior dos criadores sobre como os investimentos dão bom retorno quando feitos da forma correta. Como em qualquer setor, o mercado de cavalos crioulo exige planejamento para bons resultados – define Grégor Pinheiro, do Núcleo dos Vinhedos.
Adquirir um animal da raça pode ser bem pesado para o bolso, mas há também preços mais democráticos. Segundo Pinheiro, um cavalo crioulo pode variar de R$ 6 mil para valores superiores a R$ 1 milhão.
– A modalidade tem muito potencial econômico. O ganhador do Freio de Ouro de 2006, por exemplo, foi adquirido pelo atual proprietário por US$ 73.732. Após a conquista, seu valor estimado para realização do seguro foi de US$ 138.248 – lembra Pinheiro.
Estudos recentes apontam que a raça crioula conta com 380 mil equinos no país e gera 238 mil empregos em todo o território nacional. No último ano, lembra Pinheiro, as vendas da raça apenas em eventos oficiais (sem considerar outras negociações entre criadores e investidores) movimentaram R$ 198 milhões no país.
Cabanha de Caxias comemora classificação em dose dupla
Classificar um animal para a final do Freio de Ouro já é uma tarefa bem complicada, afinal são apenas 96 vagas para mais de 2,5 mil concorrentes. A Cabanha Rota do Tropeiro, de Caxias, conseguiu esse feito em dose dupla neste ano: dois animais irão disputar a competição que ocorre durante a Expointer.
– Não é nada fácil chegar na final. É a nossa Copa do Mundo – resume Adroaldo Alvez de Macedo, proprietário da cabanha.
Os dois animais classificados – o cavalo Sortilégio do Infinito e a égua Umauá do Infinito – foram treinados por Libamar Novello, do Centro de Treinamento e Cabanha Redomona, de Flores da Cunha. O segredo para o excelente resultado passa pela confiança:
– É importante que haja uma parceria grande entre o criador e o treinador. O Adroaldo (proprietário dos animais) entende que é preciso muito investimento e treinamento para o animal criar diferenciais. Cavalo bom passa por um dono bom. Além disso, é preciso que o ginete tenha sensibilidade com o animal – ensina Novello.
Além da classificação dupla, outro ponto que evidencia a parceria afiada entre o criador e o treinador é o pouco tempo em que Macedo atua na área. Atuante no setor de zeladoria com o Grupo Adalma, o empresário investe no segmento de cavalo crioulo há apenas dois anos:
– Entrei no ramo pela paixão que tenho pelos cavalos, pelo campo. Mas, além disso, é um mercado que cresce muito e movimenta milhões anualmente.
Sortilégio e Umauá treinam seis dias por semana, sendo 45 minutos por dia. As provas do Freio de Ouro avaliam o desempenho do animal em atividades derivadas das lidas do campo.
Leilão
No dia 8 de setembro, ocorre em Caxias um leilão de coberturas de garanhões (por coberturas, leia-se disponibilizar os animais para acasalamento). Na edição do ano passado, o encontro movimentou cerca de R$ 80 mil em 38 coberturas. Informações pelo (54) 9112.3703 e www.nucleodosvinhedos.com.br.