Em meio a tantas incertezas no cenário político nacional, a economia está parada há mais de um ano. Não à toa, o Produto Interno Bruto (PIB) fechou o ano passado com queda histórica de 3,8%. Um setor, porém, segue em crescimento, apesar de todas as adversidades, e foi o único que encerrou 2015 com avanço: a agropecuária.
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Na contramão dos demais, esse segmento não está tão preocupado com o rumo político que o Brasil vai tomar nos próximos meses, avalia Francisco Turra, presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O ex-ministro da Agricultura, que esteve em Caxias na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) desta segunda-feira, destaca que a agropecuária nacional "salva a lavoura" econômica do país e ainda tem condições de crescer mais:
- Não estamos muito desesperados com a situação política. No nosso caso (setor de agropecuária), basta ter alguém (na Presidência) que não atrapalhe - acredita.
O sucesso do setor, explica Turra, ocorre principalmente por "aquilo que Deus deu", como o clima. A média de temperatura anual do país é de 24,95ºC.
- É o melhor clima do mundo para a agricultura. Imaginem que a média da Rússia é 5ºC negativo - explica.
Outro diferencial importante do país é o crescimento sustentável. Conforme Turra, o país conta com 61% do território preservado (o equivalente a 517 milhões de hectares). Na África, o índice é de 7,8% e, na Europa, apenas 0,3%.
- Enquanto em outros países falta água, clima, espaço, aqui temos muitos recursos e muita possibilidade de expansão. Nesse sentido, o Brasil é um milagre - ressalta Turra.
Dois nichos que estão em arrancada forte no país, conforme o ex-ministro, é a avicultura e a suinocultura. A venda de carne suína e de frango cresceu, neste primeiro trimestre de 2016, 77% e 12% respectivamente. Juntos os dois segmentos já empregam 4,15 milhões de pessoas.
- O Brasil é produtor de alimentos, não é o pré-sal que vai ser a salvação. O mundo está com fome e não vai comer petróleo.
Perspectivas também são boas
O cenário otimista para o setor agropecuário não se deve apenas ao presente. As perspectivas para o setor também são boas. A projeção de que a população não vai parar de crescer, aponta Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA, é um sinal claro que o segmento tem um bom futuro pela frente:
- Hoje somos 7 bilhões de pessoas no planeta e, em 2040, seremos 9 bilhões. A perspectiva para 2100 é de 11 bilhões. Todas essas pessoas representam maior consumo de alimentos.
A tendência cada vez maior da alimentação saudável e a renda per capita mundial em ascensão são outros fatores que indicam boas perspectivas para o setor. Além disso, atualmente o Brasil é o 4º maior exportadores de alimentos, atrás dos Estados Unidos, da Holanda e da Alemanha:
- Muito do que a Holanda e a Alemanha exportam, eles compraram do Brasil, transformaram e vendem para o mundo todo. Esse é outro ponto que podemos crescer: agregar valor aos nossos produtos - ensina Turra.