O prolongamento da retração econômica, que já dura mais de um ano e ainda não mostra sinais de estar próximo do fim, vem elevando o número de recuperações judiciais requeridas no país. No primeiro trimestre de 2016, o aumento foi de 114,1% em relação ao mesmo período do ano passado, aponta dados da Serasa Experian divulgados nesta terça-feira. Ao todo, foram 409 ocorrências em todo território nacional contra 191 apuradas entre janeiro e março de 2015.
Confira as últimas notícias do Pioneiro
Em Caxias, conforme dados do Foro da cidade, tramitam atualmente 16 recuperações judiciais. Alguns deles são casos emblemáticos, por se tratarem de empresas bem conhecidas, como a Voges e a Guerra S.A. Criada especialmente para evitar a falência e substituir a antiga concordata, a recuperação judicial é uma medida jurídica utilizada por empresas que perdem a capacidade de pagar suas dívidas:
- A vantagem da lei, para a empresa, é um prazo maior para o pagamento das dívidas, viabilizando planejamento gerencial. Para os credores, o benefício é a continuidade das relações comerciais e a possibilidade de receber o crédito, já que em caso de falência, não são satisfeitos todos os credores. Para os empregados, a vantagem é a manutenção do emprego, em face da continuidade da empresa - explica Silvio Viezzer, juiz diretor do Foro de Caxias.
Como a recuperação judicial é relativamente nova (foi criada em 2005), a medida não conta com histórico vasto, o que dificulta uma avaliação ampla do seu resultado. A advogada Aline Babetzki ressalta que a maioria dos pedidos referentes à legislação ainda não foram finalizados:
- Mas no geral, vemos a lei com bons olhos. Notamos que as empresas que recorrem à ferramenta vêm conseguindo dar a volta, estão se reorganizando. A medida serve para dar um fôlego para as companhias - explica.
Responsável por cerca de 35 processos de recuperação judicial, o advogado Angelo Coelho conta que, na Serra, as empresas que recorreram à medida normalmente englobam os ramos metalmecânico ou moveleiro. O setor da construção civil também mostra tendência de crescimento nessa ferramenta.
- A recuperação judicial é um remédio amargo, mas tem também seus pontos positivos, porque a empresa revê todos os processos, corta custos, se profissionaliza. É um processo que não existe réu, já que pretende beneficiar todos envolvidos - conta Coelho.
Para o advogado, o principal ponto a ser analisado antes de entrar com um pedido de recuperação judicial é a viabilidade do negócio. Se o mercado não parece ter espaço para a empresa, a medida não é indicada.
Estratégia
Caxias conta com 16 recuperações judiciais em andamento
Medida usada para evitar a falência vem ganhando força com a crise e cresceu 114% no país em 2016
Ana Demoliner
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project