O ajuste econômico que o Brasil passa atualmente, com cortes no orçamento e restrição de crédito, não será suficiente para fazer com que o país volte a crescer. Ao menos não um crescimento duradouro. A opinião é de Renato da Fonseca, gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), considerada uma das mais importantes classes empresariais do setor. Ele esteve na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC) desta segunda-feira.
Fonseca lembrou que desde 2005 o Brasil perde espaço no mercado externo, o que já demonstra que o país vem perdendo competitividade há anos. Esse problema, porém, foi camuflado temporariamente pelas medidas de estímulo ao consumo.
- A produção da indústria brasileira caiu durante a crise de 2009 e só se recuperou em função da alta no consumo interno, não porque ganhou competitividade. Esse ajuste econômico que está sendo feito agora é necessário, mas não vai resolver por muito tempo. O crescimento do Brasil não dura pela falta de produtividade - analisou.
Um dos pontos que emperram o aumento da produtividade, segundo Fonseca, é o alto crescimento do custo unitário do trabalho. Conforme uma pesquisa apresentada pelo gerente, esse índice aumentou 136% no Brasil de 2002 a 2012, enquanto em alguns países o número é até negativo.
- O problema não é aumentar salário. O problema é aumentar salário sem aumentar a produtividade - analisa Fonseca.
O gerente citou ainda quatro fatores que auxiliam o ganho da produtividade: economia de escala, externalidade, aprendizado e inovação. Ao detalhar o primeiro ponto, Fonseca destacou que empresário precisa entender que o mercado interno é grande, mas não é suficiente:
- Se a indústria pensar que o mercado brasileiro basta, vai morrer - decreta.
Quanto à externalidade, Fonseca frisou que "temos que estar no mercado para atender e, além disso, estarmos perto de quem atendemos". Sobre aprendizado, o gerente destacou que a qualidade da educação é fundamental para o mercado poder contar com mão de obra mais qualificada - o que influencia diretamente na produtividade:
- Hoje o Ensino Médio prepara o aluno somente para a faculdade e apenas 18% dos alunos vão de fato para uma. Precisamos entrar em uma batalha para oferecer ensino profissionalizante junto com o Ensino Médio.
Já a inovação é o único dos fatores que não é limitado e, portanto, deve ser altamente explorado pelas empresas na visão de Fonseca. A reunião-almoço desta segunda-feira fez parte da programação do 21º Seminário Dia da Qualidade Caxias.
Competitividade
"O crescimento do Brasil não dura pela falta de produtividade", destaca gerente da CNI, em Caxias
Renato da Fonseca palestrou na reunião-almoço da CIC desta segunda-feira
Ana Demoliner
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