A falta de competitividade da indústria brasileira frequentemente é atribuída pelos especialistas ao chamado "custo Brasil". Mas o que exatamente quer dizer esse termo e quanto isso impacta na produção nacional? O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, esteve em Caxias na noite da última segunda-feira e explicou com detalhes essa tese.
O empresário apresentou no encontro um estudo da Abimaq que compara uma indústria brasileira a uma dos Estados Unidos ou Alemanha. Foram levados em consideração os mesmos aspectos de produto, funcionários e tecnologia.
- Descobrimos que o custo Brasil, ou seja, o que acontece da porta da fábrica para fora, deixa nossos produtos 25,2% mais caros. Esse é o pior problema da competitividade nacional - destacou Pastoriza, detalhando ainda que, segundo o estudo, o valor dos insumos apresentou aumento de 8,7% em relação aos concorrentes internacionais, os juros são 6,5% mais altos e os impostos não-recuperáveis impactam 4,7% a mais.
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O empresário ressaltou ainda que a indústria brasileira vem perdendo competitividade há pelo menos uma década. Esse processo, porém, era pouco percebido porque não havia um cenário geral de falência ou fechamento das empresas:
- A desindustrialização não estava sendo percebida porque as empresas não quebraram, elas se transformaram. Só quem percebeu isso há muito tempo são os industriais. Agora muitas empresas compram produtos de fora do país, tiram a marca "xing-ling" e colocam uma placa nacional. Esse processo de desnacionalização pode até ter salvado algumas empresas, mas é um desastre pra indústria, inovação e tecnologia nacional.
Para a retomada do crescimento, Pastoriza indica que o governo precisa acabar com o chamado "tripé do mal": juro alto, câmbio defasado e tributo expressivo. Esses fatores, reitera Pastoriza, têm obrigado os empresários a investir menos no parque fabril para poder competir em valor com produtos internacionais.
- Temos uma defasagem de 10 anos na idade média do parque fabril na comparação com a Alemanha, é uma diferença brutal. Estima-se que 60% de toda a produtividade tem a ver com tecnologia, com máquinas. Então basicamente nosso principais problemas são da fábrica para fora, mas para ficarmos competitivos em preço, estamos inovando menos que nossos concorrentes e então impactou dentro da fábrica também - resumiu.
A reunião-jantar que teve o empresário como palestrante foi promovida pelo Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás) e ocorreu na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC).
Competitividade
"Custo Brasil deixa nossos produtos 25,2% mais caros", diz presidente da Abimaq, em Caxias
Carlos Pastoriza foi o palestrante de encontro promovido pelo Simplás
Ana Demoliner
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