Não é novidade que a indústria metalmecânica de Caxias anda desacelerada, mas os números oficiais do setor - e principalmente as perspectivas para os próximos meses - preocupam ainda mais. De janeiro a maio deste ano, o faturamento das empresas do segmento caiu 27,79% na comparação com o mesmo período do ano anterior, conforme dados apresentados na manhã desta quarta-feira pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs).
Essa queda nos pedidos e na produção, que já vinha ocorrendo desde o final de 2013, vem impactando nos postos de trabalho. De janeiro a maio deste ano, 2.232 vagas foram fechadas no setor. Essa baixa, somada aos cerca de 7,5 mil postos de trabalho extintos entre o final de 2013 e todo 2014, já resulta em quase 10 mil vagas a menos.
Para os próximos meses, as perspectivas seguem preocupantes. Conforme Odacir Conte, diretor-executivo do Simecs, junho deve encerrar com cerca de 800 postos de trabalho fechados. Até o final do ano, a estimativa do presidente da entidade, Getulio Fonseca, é perder mais oito mil vagas no setor.
- A indústria metalmecânica de Caxias já empregou 55 mil pessoas (no final de 2011), hoje está com 44 mil funcionários e deve chegar ao final do ano com 36 mil empregados - projeta Fonseca.
As flexibilizações de jornada de trabalho, destaca Conte, impediram que o cenário no mercado de trabalho caxiense fosse ainda pior. O executivo estima que o impacto no quadro de funcionários seria 20% maior se a alternativa não fosse adotada.
- Queremos negociar, no dissídio deste ano, uma forma de ampliarmos as flexibilizações, já que hoje as empresas só podem adotá-las por 180 dias e muitas precisariam mais. Assim poderemos perder menos postos de trabalho. O importante, hoje, tanto para o empresário quanto para o trabalhador, é manter os empregos - acredita.
Para o assessor de planejamento do Simecs, Rogério Gava, a volta do crescimento na economia só deve vir em 2017. Em 2016, porém, a situação já deve apresentar sinais de melhora e estabilidade.
- É importante ressaltar que não estamos vivendo uma crise mundial, como ocorreu em 2009. Estados Unidos, China e Zona do Euro não estão com números no vermelho como o Brasil. O mundo está crescendo, mas estamos pagando a conta por não termos feito o dever de casa - analisa.
Cenário preocupante
Indústria de Caxias fechou 10 mil postos de trabalho desde o final de 2013
De janeiro a maio, faturamento das empresas do setor metalmecânico caiu 27,79%
Ana Demoliner
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