A ação da mosca Drosophila suzukii não é fácil de detectar nos pomares: o inseto minúsculo, ainda pouco conhecido no Brasil, perfura preferencialmente frutas de pele fina como morango, mirtilo e amora, e deposita seu ovos, que se transformam em larvas. Estas se alimentam da polpa da fruta, causando a sua decomposição, e também abrem espaço para danos secundários, causados por bactérias e fungos que terminam de danificar a fruta e a tornam imprópria para consumo.
Na Serra Gaúcha, onde a fruticultura tem importante papel econômico, a ação da praga foi confirmada pela primeira vez em uma propriedade no interior de Vacaria, em janeiro deste ano. Segundo o fruticultor Mario Calvino Palombini, as perdas na safra de 2013 chegaram a 30% da produção. Atualmente, Palombini possui cerca de 18 mil pés da fruta, no método tradicional, em canteiros, e por meio de cultivo em substrato, conhecido como semi-hidropônico.
O desafio para os agricultores e especialistas, conforme o engenheiro agrônomo e entomologista Régis Silva dos Santos, da Embrapa Uva e Vinho, é que ainda há poucas informações sobre o manejo da praga. Os dados existentes no Brasil são de pesquisas feitas no Japão, América do Norte e Europa, onde o inseto vem causando prejuízos expressivos desde 2008. Acredita-se que a mosca tenha chegado ao Brasil por meio da importação de mudas, por exemplo.
- Como é um caso muito recente, ainda não há uma receita pronta de como agir. Agora, estamos nos articulando para que o Ministério da Agricultura registre agroquímicos já adotados lá fora para controlar a Drosophila suzukii, como o Spinosad ou o Beauveria bassiana - destaca Santos.
Ainda que haja necessidade de mais estudos, o entomologista diz que a maior ocorrência da mosca é no outono e na primavera, meses úmidos e de clima ameno. De acordo com ele, o inseto prefere frutos em fase de maturação para colocar os ovos.
Apesar de escolher o período de maturação para se multiplicar, a Drosophila suzukii pode ser encontrada no pomar inclusive quando a fruta ainda está verde. Daí a importância de se fazer o monitoramento da praga.
De acordo com Santos, pode-se instalar armadilhas caça-mosca, confeccionadas com garrafinhas pet entre um e dois meses antes do amadurecimento dos frutos. Cada recipiente deve conter entre cinco e sete furos, no terço superior, com cerca de 0,5 milímetros cada. Como atrativo, o especialista sugere usar vinagre de maçã puro.
As armadilhas devem ser vistoriadas duas vezes por semana e os exemplares computados. Aconselha-se usar entre duas e três armadilhas por hectare.
A recomendação é que os agricultores procurem assistência técnica especializada, levando as amostras para avaliação técnica. Assistente regional em fruticultura da Emater Região Caxias, o agrônomo Ênio Ângelo Todeschini afirma que os serviços estão correndo atrás de informações para conhecer a praga e capacitar equipes de trabalho, principalmente as que lidam com pequenas frutas.
Fruticultura
Ação da mosca Drosophila suzukii preocupa produtores de pequenas frutas na Serra
Praga ainda é pouco conhecida no Brasil. Na Europa e na América do Norte, já há registro de perdas significativas nessas culturas
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