Sinônimo, até pouco tempo, de incremento no currículo comum apenas para pessoas mais abastadas, o intercâmbio está se popularizando. A democratização de público, por sinal, não está incluindo somente outras classes sociais - que agora veem nas inúmeras possibilidade de pagamento e pacotes a chance de estudar no Exterior. A idade dos adeptos e a intenção da viagem também se expandiram: pessoas de todas faixas etárias estão optando por intercâmbios e o objetivo contemplam mais que apenas aperfeiçoamento de algum idioma.
As mudanças do setor, conta Daiane Matté Trentin, que administra a unidade da Serra da Canadá Intercâmbio e trabalha na área há 10 anos, começaram a surgir nos últimos cinco anos e estão se intensificando. A diminuição da burocracia em conseguir vistos e papeladas, aliada aos menores custos, foram os fatores determinantes da popularização:
- Antigamente, quem não vinha de alguma família mais rica, tinha que vender carro, fazer acerto com a empresa e inúmeras outras coisas para conseguir viajar. Agora o aluno faz a compra em 10, 20 vezes ou até mais. Fora que os procedimentos de aprovação também era bem mais inacessíveis - lembra.
Mesmo com a instabilidade cambial, destaca o sócio-diretor da Egali Intercâmbio, Guilherme Reischl, não há dúvidas que o valor de um pacote de estudos diminuiu muito nos últimos tempos - muito também em função da concorrência entre as agências e operadoras. Uma passagem para Nova Iorque, por exemplo, que já custou US$ 2 mil, agora sai por cerca de US$ 700 dólares.
- Hoje em dia é mais barato fazer um intercâmbio de três semanas do que uma viagem de turismo no mesmo período - ressalta.
Conforme Reischl, há três perfis mais comuns de intercambistas no mercado atualmente. O primeiro são os clássicos adolescentes, que são os alunos de Ensino Médio que optam por estudar no Exterior ao invés de apenas fazer turismo. O segundo são os universitários - perfil mais representativo nas agências -, que são os estudantes de graduação.
O outro perfil mais comum citado são os profissionais mais velhos, já inseridos no mercado. Normalmente essas pessoas utilizam as férias do ano para aperfeiçoar algum idioma utilizado na profissão. Esse é caso do engenheiro mecânico Rodrigo De Bortoli, 35 anos, que decidiu fazer um intercâmbio quando já estava formado, bem inserido no mercado e com uma rotina estabelecida. Para colocar o plano em prática sem prejudicar a carreira, portanto, era necessário muito planejamento.
- Me preparei com cerca de dois anos de antecedência, porque decidi acumular as férias para não me prejudicar no trabalho. Acumulei ainda milhagens aéreas, o que ajudou no pagamento das passagens - conta.
Para dividir o planejamento do intercâmbio, Rodrigo contou com a ajuda da esposa Marcia Fagundes De Bortoli, 32, já que a professora aproveitou o mesmo período do marido para também estudar no Exterior. O casal ficou dois meses em Vancouver, no Canadá, em uma casa de família.
- Quem vai com 17 anos normalmente não tem um objetivo tão traçado, pensa mais nas festas, na aventura. Quem vai mais velho, depois de muito planejamento, não vai pra brincar - destaca Rodrigo.
Estudar fora está mais democrático
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A diminuição da burocracia em conseguir vistos e papeladas, aliada aos menores custos, foram os fatores determinantes da popularização
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