As comemorações de Natal e Ano-Novo já passaram, mas Caxias do Sul continua em ritmo de feriadão. Nos primeiros dias úteis do ano, parte da cidade ainda está em recesso. Estabelecimentos fechados em pleno horário comercial são uma evidência disso. Havia restaurantes, imobiliárias, lojas e salões de beleza com a portas cerradas, na quinta e sexta-feira. Muitos encerraram as atividades antes do Natal e devem retomá-las somente a partir de segunda.
No final da manhã de quinta-feira, na quadra da Rua Pinheiro Machado entre a Andrade Neves e a Venâncio Aires, nove estabelecimentos não davam expediente. Para o consumidor, o transtorno mais visível é a falta de opção para almoçar. No trecho de cinco quadras no Centro, apenas um restaurante estava aberto. Natural de São Paulo, o publicitário Renato Nakamatu, 52 anos, não se acostumou com esta tradição caxiense, apesar de morar no município há oito anos. Restaurantes que não atendem depois das 14h e não abrem em feriados o intrigam.
- Estranho até hoje. Tem que almoçar logo, porque, depois das 14h, vai ser difícil. Caxias é um polo desenvolvido, tem que se adaptar, principalmente na área de alimentação. Caxias não é qualquer município. Tem um fluxo de pessoas de todos os tipos, o pessoal vem muito pra cá a trabalho - argumenta Nakamatu, neto de japonês. No dia 1º, ele rodou um bom tempo pelas ruas para encontrar o que comer.
O fechamento dos negócios nesta época tem uma alegação principal: Caxias esvaziou principalmente em razão das férias coletivas da indústria. A estimativa da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) era de que pelo menos a metade dos trabalhadores do setor _ cerca de 50 mil pessoas _ folgasse no período entre Natal e Réveillon. O retorno delas ao serviço está previsto para a partir do dia 6. A adesão às férias coletivas, que são normais nas grandes empresas, está maior neste final de 2013 e início de 2014. Isso porque os feriados caíram em uma quarta-feira. E como a retomada das atividades na metade da semana significa um custo alto para as empresas _ em razão de que os equipamentos teriam de ser desligados e ligados novamente_ as folgas estendidas foram uma boa alternativa.
- O feriado caiu no meio da semana. As empresas que fazem férias coletivas no final do ano aproveitaram para fazê-las um pouco mais prolongada. E como saiu muita gente de férias, as áreas de comércio e serviço ficaram sem muita clientela. Para não funcionarem para atender poucos clientes, aproveitaram e deram folga também. A vantagem é a economia, tanto de energia, como de equipamento, material e de pessoal mesmo - diz o professor do curso de administração da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), da área de gestão de pessoas, Rogério Alves de Oliveira. Ele próprio sentiu na pele a diminuição dos serviços. Está com o carro parado na garagem porque o terceirizado da concessionária que irá consertar o motor retornará só na segunda-feira.
Se a empresa tiver condições de reduzir a equipe de trabalho nesse período e dar continuidade ao atendimento, melhor. No entanto, para Oliveira, para as que possuem estrutura pequena, a saída é parar mesmo.
- Se tem pouco volume de atendimento, não vale a pena manter aberto. A empresa deve fazer um estudo para saber se compensa dar férias tradicionais ou em um grupo concentrado numa vez só. Cada negócio demanda um estudo profundo da relação do custo-benefício - comenta o professor.
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