Desaceleração da indústria em Caxias do Sul só deve ter alteração no segundo semestre

A aprovação na terça-feira de uma parada estratégica por uma semana pelos funcionários da Randon Implementos, uma das maiores fábricas da Caxias do Sul, reflete o momento de desaceleração de pedidos do setor industrial. Esse fenômeno que abrange todo o Brasil foi iniciado no final de 2010 e ainda não dá sinais claros de retomada imediata. Mas também não há espaço para alarmismo: o cenário é bem distinto daquele de 2008 e 2009, quando a crise econômica internacional gerou reflexos negativos na indústria local.

Além da norma Euro 5, que encareceu o preço de caminhões e provocou incertezas no mercado, a queda na produção agrícola também explica as vendas menores dessa linha. Embora a expectativa do mercado seja de retomada de vendas do segmento nos próximos meses, quando os estoques de quem comprou no final do ano começarão a baixar, há outros cenários que apontam para a continuação da estagnação da atividade industrial como um todo. No indicador do desempenho da economia, divulgado pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC), em março, o acumulado da indústria nos 12 meses estava em 0,6%. Na comparação com o março do ano passado, a queda é de 0,5%. 

- Viemos de um crescimento de mais de 20% em 2010 para zero agora. É uma situação extremamente preocupante. Essa desaceleração coloca as empresas em uma situação delicada - aponta o diretor do departamento de economia, finanças e estatísticas da CIC, Mauro Corsetti.

Para Corsetti, o pacote de medidas de incentivo à indústria apresentado pela presidente Dilma Rousseff no começo de abril atinge apenas algumas questões pontuais. A carga tributária pesada e os problemas de infraestrutura, grandes reclamações do empresariado, não têm perspectiva de solução. A entrada de produtos importados igualmente não teve alterações. 

- Não temos uma situação própria para falar em retomada. Talvez no segundo semestre - aponta.

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