O maestro Manfredo Schmiedt, que esteve à frente da UCS Orquestra desde sua fundação, em 2001, anunciou nesta sexta (3) seu afastamento da formação como regente e diretor artístico. A notícia de que a orquestra estaria encerrando suas atividades foi lamentada por ele também em entrevista ao Pioneiro. Schmiedt contou que ele e oito músicos da formação tiveram seus contratos encerrados na quinta (2). Outros quatro músicos que integravam o grupo permanecerão contratados para seguir com o projeto Música do Coração, que realiza apresentações no Hospital Geral.
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— O sentimento é de uma grande tristeza porque o trabalho com a orquestra da UCS, para mim, não era simplesmente um ganha-pão, era muito mais do que isso, era a ideia de ajudar nosso povo a se desenvolver culturalmente. A tristeza é de não conseguir continuar, neste momento, a cumprir essa missão — disse Schmiedt.
O maestro contou que o reitor da universidade, Evaldo Kuiava, e o chefe de gabinete da instituição, Gelson Leonardo Rech, comunicaram a decisão a ele por meio de vídeo-chamada, na última quarta (1).
— Eles alegaram que chegou num ponto financeiramente inviável, neste momento. Gostam muito da orquestra, e gostariam muito de retomar este projeto no futuro, quando as coisas se acalmarem, mas que não tinham condições neste momento de manter a orquestra. O reitor falou que espera retomar as atividades em breve e que eu possa voltar à frente do grupo, que eu seria a primeira pessoa a ser contatada por eles numa retomada, mas todos nós sabemos que o futuro é bem incerto. Eu agradeço essa atenção que eles me deram, mas, neste momento, não temos essa expectativa do que vai acontecer — ponderou o maestro.
Schmiedt classificou o momento atual da orquestra de forma contundente:
— Este estado de coma indefinido em que a orquestra foi colocada nos causa um sofrimento muito grande.
O maestro logo se anima ao falar dos inúmeros momentos de casa cheia nas apresentações da orquestra — fossem nos tradicionais concertos realizados no UCS Teatro ou em espaços públicos — e reforça que seu legado à frente da formação foi o de contribuir com o desenvolvimento do público.
— Tem tanta coisa legal que a gente fez durante esses quase 20 anos que o público já estava habituado a ter esta oferta de cultura. Isso vai fazer falta, Caxias perde bastante com isso, mas nós também, porque a gente é viciado nisso, nessa produção cultural. Sempre coloquei a alma em todos os trabalhos para que as pessoas pudessem sair de um concerto diferente do que entraram — afirma.
Reitor diz que UCS Orquestra retorna em 2021
Fundada em 2001, como Orquestra Sinfônica da UCS, o grupo passou por reformulações nos últimos tempos. Em março de 2019, por conta de reajustes econômicos, perdeu um terço de seus músicos (passando de 39 para 25 integrantes). Já em fevereiro deste ano, a formação foi novamente enxugada, ficando com apenas 12 músicos. Essa mudança repercutiu até mesmo no nome da orquestra, impedida de ser chamada de sinfônica por não possuir mais o tamanho suficiente para tal.
Em entrevista à Gaúcha Serra na manhã desta sexta, o reitor da universidade, Evaldo Kuiava, disse que a UCS Orquestra ficará parada pelo menos até o fim do ano. Porém, que a decisão não é definitiva.
— A orquestra vai continuar, não temos como manter os músicos vinculados num semestre que ela vai ficar parada, não temos como fazer apresentações. Então, estamos encerrando a modalidade de contratação de nosso músicos e já pensando na programação do ano que vem. A orquestra não acaba, mas não temos como manter os músicos, evidentemente dentro de um contexto em que está todo mundo parado — disse Kuiava, classificando a decisão como "bom senso" da gestão, já que a manutenção da orquestra custa R$ 2 milhões por ano à universidade.
O reitor anunciou, inclusive, que a UCS Orquestra deve passar por algumas mudanças de perfil em seu retorno. A ideia seria a inclusão de instrumentos elétricos e eletrônicos.
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