Quase toda cidade de médio a grande porte possui um rio ou arroio que cruza sua paisagem urbana. Espaços que já foram cenário para banhos, pesca e momentos de convivência, hoje costumam padecer em meio ao lixo, abandonados. Pensando em chamar atenção para essa situação, gerando reflexão e novas conexões entre as pessoas e suas cidades, surgiu o Projeto Ecopoética e a intervenção artística Dilúvio MA, que visita Caxias do Sul nesta quarta (27). Por aqui, o Arroio Tega foi o escolhido para receber o trabalho capitaneado pelos artistas Marina Mando e Rossendo Rodrigues.
— Nossa ideia desde o início, em 2014, era de chamar atenção do público com uma ação que fosse surpresa, que ninguém soubesse como aquilo foi parar ali — conta Marina.
A performance consiste numa espécie de rede cheia de lixo seletivo que fica suspensa sobre rios poluídos. É de dentro dessa rede que Marina e Rossendo interagem com a paisagem externa. Em Caxias, eles ficarão suspensos com a ajuda de um guincho, sobre a parte do Tega que cruza o bairro Santa Catarina, na altura da sede do Grupo Ueba (Moinho Cultural da Cascata). A ação vai durar das 9h às 12h.
— Nessa rede, ficamos bem altos sobre o rio. A gente pinta o corpo de branco para criar um contraste com o lixo. Dali de dentro, fazemos práticas de meditação, cantamos, nos relacionamos com o que está em volta. Não é um espetáculo com início, meio e fim. A ideia é que qualquer pessoa que chegue ali e fique 10 minutos consiga apreender algo, além de ter uma experiência agradável com aquele lugar — adianta a artista.
Dilúvio MA nasceu em Porto Alegre, ocupando arroios e rios poluídos na cidade. Em 2017, a performance circulou por 18 cidades brasileiras por meio do Palco Giratório Sesc.
— Para nossa surpresa, todas as cidades que visitamos tinham um rio poluído ao qual ninguém olhava — conta Marina.
Com essa constatação em mente, o Projeto Ecopoética propôs uma nova circulação, desta vez dedicada ao território gaúcho. Por meio do edital Pró-Cultura RS, FAC #juntospelacultura_2, a performance visitará os três rios do Estado presentes na lista dos 10 mais poluídos do país: Sinos, Gravataí e Caí. O Tega entrou no projeto por conta da representatividade de Caxias no cenário econômico.
Em cada cidade que visitam, os artistas da intervenção Dilúvio MA também costumam propor bate-papos em escolas. Esse caráter pedagógico costuma dar ainda mais sentido ao projeto, que propõe conexões entre arte e sustentabilidade. Em Caxias, eles falarão com alunos do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza, nesta quinta (28).
— Os jovens nos parecem ter mais potencial de transformação. Focamos esses papos na ideia de que toda mudança precisa começar no micro para ter um efeito macro. Tentamos arejar a ideia de que somos responsáveis pela cidade que vivemos. Mesmo que nos distanciemos desses rios, eles fazem parte de nós — reflete Marina.
PROGRAME-SE
O quê: performance artística Dilúvio MA.
Quando: nesta quarta (27), das 9h às 12h.
Onde: sobre o Arroio Tega, na Sede do Grupo UEBA Produtos Notáveis (Rua Luís Covolan).
Quanto: entrada franca.
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