Buscar é a palavra que resume poeticamente o curta Cadê o Circo?, dirigido pelo chileno Cristian Beltrán, que será exibido na telona amanhã, na Sala de Cinema Ulysses Geremia, em Caxias. A produção independente é uma adaptação da peça homônima, também dirigida por Beltrán, formatada para o teatro há pelo menos cinco anos, e foi gravado em locações externas na localidade de Juá, em Caxias, e Monte Bérico, em Flores da Cunha.
Na história, dois palhaços faxineiros acordam em certa manhã e descobrem que o circo no qual trabalhavam foi embora, deixando-os para trás. A partir daí, começa a inusitada aventura de dois amigos em busca do espetáculo. A escolha dos protagonistas na figura divertida do palhaço, como explica o diretor, não foi acidental, tampouco os personagens que eles encontram pelo caminho.
– O filme tem uma relação muito clara com uma proposta de alegria, principalmente porque a gente (equipe) acredita que o mundo precisa ser um pouco mais alegre, então utilizamos muita poesia para passar a sensação de alegria e passividade nas pessoas que assistem. O filme é bastante poético, não é cômico, mas é engraçado. Têm situações que são alegres e que procuram buscar empatia com o público. O público vai se identificar muito com eles porque os personagens são muito queridos – explica.
Junto com a busca dos próprios atores e produtores através dessa aproximação com o público, o filme traz personagens secundários que, ao longo da história, mostram-se fios condutores importantes para aquilo que, aos poucos, o observador vai descobrindo: o circo está mais perto do que se imagina. Figuras como um rapaz simpático na janela e um cego tocando violão provocam, nos palhaços, um processo lento mas real de autoconsciência. Montanha, interpretado por Paulo Macedo, e Zoinho, na pele de Janio Nunes, acabam tornando-se espelho um do outro à medida em que a história avança. Mesmo com suas diferenças, cada um conhece e sabe como fazer o parceiro rir, revelando simbolicamente o espetáculo interno que tanto procuram. O diretor reforça a importância dessa ideia de felicidade para a construção do sentido do filme:
– É uma situação única: são mais do que palhaços que contam piadas pra fazer rir. O termo palhaço significa esse estado alegre, é mais do que uma pessoa que faz uma piada pra fora, é um divertimento que vem de dentro. São pessoas que estão em um estado cômico, agradável, e que é simpático ao público.
A obra também carrega a sensibilidade nos diálogos leves e divertidos do roteirista Pedro Nora, e a participação de um elenco composto por nomes como Marcelo Casagrande, Sandro Martins, Odelta Simonetti, Luis da Luz e Tiago da Luz. O trabalho de fotografia, realizado por Leandro Foscarini, dá vida a história, com variações entre o colorido e o acizentado que conduzem competentemente o espectador através do argumento principal do curta: a busca.
AGENDE-SE
O quê: exibição do curta "Cadê o Circo?".
Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia.
Quando: nesta quarta, ás 19h30m.
Quanto: entrada gratuita.
Conversa
Após a exibição vai rolar um bate papo com Cristian Beltrán, Pedro Nora e Leandro Foscarini sobre o curta.