Enquanto 2016 acabava pela última vez, eu olhava longe, mar adentro, olhava direto para a curva escura do mundo e pensava no que poderia vir dali. Então eu lembrei que tinha deixado um copo d’água em cima da mesinha de cabeceira, junto a um livro meio-lido. Aquilo tinha sido antes da minha viagem de férias e antes de uma das vezes que 2016 acabou, não a última. Na minha viagem, enquanto o avião se descolava do chão e se afastava de Caxias e em seguida do Sul, eu me afastava do fim das coisas e pensava que quando eu voltasse, elas estariam lá ainda. Só que antigas. Numa distância não física, mas de memória. E caberia só a mim guardá-las ou esquecê-las. E caberia só a mim escolher se lembraria das coisas ou do fim delas. E caberia somente a mim aprender se esses dois estados seriam inerentes.
Opinião
Natalia Borges Polesso: enquanto 2016 acabava
O ano em si foi impreciso e acho que eu nem notei quando ele se foi pela primeira vez
Natalia Borges Polesso
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