Isabelle Huppert é musa do cinema francês e da estreia desta quinta-feira na Sala de Cinema Ulysses Geremia: Um Amor em Paris. Longe do tom melodramático das produções pelas quais ficou mais conhecida (como Amor e A Professora de Piano, ambas do denso Michael Haneke), desta vez a atriz encarna Brigitte, uma fazendeira bem-humorada que decide fugir - por dois dias - da vida interiorana que leva ao lado do marido, Xavier (Jean-Pierre Darroussin). O filme estreia nesta quinta e fica em cartaz até o dia 2 de agosto, com sessões às quintas e sextas, às 19h30min, e sábados e domingos, às 20h. Ingressos a R$ 8 e R$ 4 (estudantes e idosos). A classificação é 14 anos e o filme tem 98min de duração.
Logo nas primeiras cenas do longa, o diretor e roteirista Marc Fitoussi (que já havia dirigido Isabelle em Copacabana, de 2010) nos confere um boa metáfora sobre o que está por vir. Brigitte observa o marido exibir uma fêmea de raça numa competição, animal preso sob as rédeas do orgulhoso fazendeiro. De certa forma, é exatamente o que veremos Brigitte negar, como quem se desprende do rebanho.
Há muitas diferenças entre o casal protagonista. Enquanto ela faz o tipo mais leve e sonhador - capaz de se animar com uma música tocando no som ambiente do mercado, por exemplo -, ele se aproxima do gênero homem do campo durão. Não é que falte amor a Brigitte - várias cenas mostram o carinho de Xavier com a esposa -, no entanto, a chegada de um grupo de jovens para uma festa na casa vizinha à fazenda desperta algo na dona de casa. Ali, ela conhece um rapaz bem mais jovem e fica balançada. Depois, decide procurá-lo em Paris.
A viagem à capital francesa conduz vontades na charmosa fazendeira, como a de sentir-se conectada com a arte, ou com as inúmeras possibilidades que os acasos de uma grande cidade podem trazer. A trilha também ajuda a compor esse clima de liberdade - tente se manter na cadeira com a dançante Warm Winter, do duo eletrônico Glass Candy.
O tom cômico do filme se manifesta de forma bem sutil, como na cena em que a cinquentona tenta fazer cara de entendida enquanto seu amigo mais jovem discursa sobre as diferentes formas de fechar um baseado. Se não existe tristeza nos dois dias que Brigitte tira para si em Paris, é Xavier quem se mostra mais sensível longe da esposa. O veterano Darroussin, aliás, está à altura de Isabelle Huppert - entre os vários bons momentos do fazendeiro, preste atenção na tocante cena em que ele assiste a um ensaio do filho acrobata.
A trama desenhada por Fitoussi coloca os personagens em posições que compreendemos aos poucos. A graça do filme reside aí, não há ações e reações óbvias. Só no desfecho o espectador tem acesso a uma informação importante, que ajuda a entender os caminhos de Brigitte e Xavier ao longo da história.
Um Amor em Paris também serve como exercício para refletir o julgamento, já que mesmo elegendo um contexto leve, trata de casamento e traição. Na verdade, é legal acompanhar as idas e vindas do amor (opa, esse é outro filme) para colocar as coisas no lugar - repare na beleza simétrica da última cena e tenha certeza de que é possível.
Cinema
Sala Ulysses Geremia, de Caxias, estreia "Um Amor em Paris" nesta quinta
Filme de Marc Fitoussi tem Isabelle Huppert no elenco
Siliane Vieira
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