Já se foram 22 anos desde o primeiro Jurassic Park, mas parece que os humanos (pelos menos os retratados no cinema) não entenderam mesmo que essa coisa de ficar controlando a natureza em laboratório com o simples intuito de gerar lucro nunca termina bem. A fórmula está batida, mas o quarto longa da franquia, que chega às salas de Caxias do Sul nesta quinta-feira, parece não se preocupar muito com isso. Se o roteiro de Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros não é grandes coisas, pelo menos os bichanos que o espectador vai reencontrar na telona parecem ser fruto de um trabalho apurado. O diretor Colin Trevorrow usou na medida os recursos técnicos que tinha à disposição, justamente para tentar manter a organicidade e o charme natural (literalmente) dos dinos. Funcionou.
A história se passa no parque Jurassic World, que agora recebe visitantes na Costa Rica sob o comando de um milionário fanfarrão. Tudo parece estar sob controle por lá, com dinossauros de todas as espécies sendo exibidos ao público como se fosse uma grande Walt Disney pré-histórica. A maior parte dos bichos está vivendo sob certo adestramento. Até os tão temidos velociraptors são tratados como se fossem cães bravos pelo durão Owen Grady (papel de Chris Pratt) - o herói do novo longa que, apesar de competente, não possui a metade do carisma do velho Dr. Alan Grant (Sam Neill).
Os investidores do parque acreditam que o público precisa de novidade, por isso os cientistas do lugar criam uma nova fêmea assustadoramente gigante, albina e inteligente (por essa última parte eles meio que não esperavam). O bicho se solta no parque lotado e começa a devorar tudo que há pela frente. Mesmo com milhares de pessoas em perigo, a ruiva chatinha Claire Dearing (Bryce Dallas Howard), uma espécie de gerente do Jurassic, vai se preocupar somente com seus dois sobrinhos americanos perdidos no lugar.
O sobrinho mais novo, Gray (Ty Simpkins), é fofíssimo e apaixonado pelo universo dos dinossauros, e seu irmão mais velho, Zach (Nick Robinson), é adolescente e... acho que não precisamos dizer mais nada. Rola uma espécie de draminha familiar meio clichê entre eles que não acrescenta nada à história. Para compensar, temos o simpático funcionário do parque Lowery Cruthers (Jake Johnson), responsável por momentos bem divertidos do filme - o personagem tem tudo para ganhar mais espaço no próximo Jurassic, que provavelmente existirá.
Boa parte do longa de duas horas acompanha Owen e Claire na busca desesperada pelos garotos enquanto o novo dino (batizado com o esquisito nome de Indominus Rex) mata tudo como se fosse um mutante sedento por sangue - na verdade, é mais ou menos isso que ele é mesmo. Há várias mortes, o que pode explicar a classificação indicativa de 12 anos. Também estão presentes aqueles takes clássicos da franquia, como a pata do dino pisando forte no chão, a carona do bicho farejando as pessoas, os dentes afiados chegando muito perto da tela, etc. As cenas de ação ganham mais fôlego na parte derradeira da história, quando o pessoal do parque decide colocar outras espécies para lutar com Indominus. Só a partir daí é que alguns dinossauros parecem conquistar de fato a simpatia do espectador, algo primordial na franquia.
Steven Spielberg, que inaugurou a marca Jurassic Park em 1993, assinou como produtor do novo longa. A história atual traz poucas referências aos filmes anteriores, mas uma delas surge no final de forma arrebatadora, um acerto na história. O roteiro de Jurassic World não conseguiu reciclar o ineditismo do começo, mas o zelo estético com relação aos dinossauros faz o ingresso valer a pena.
De volta ao passado
"Jurassic World" é a estreia dos cinemas nesta quinta-feira em Caxias do Sul
Filme traz de volta à telona a franquia inaugurada por Spielberg em 1993
Siliane Vieira
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